[Resenha] De Volta a BlackBrick - Sarah Moore Fitzgerald - Minha Vida Literária
Minha Vida Literária
07

jul
2016

[Resenha] De Volta a BlackBrick – Sarah Moore Fitzgerald

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Título: De Volta a BlackBrick
Autor: Sarah Moore Fitzgerald
Editora: Galera Record
Número de Páginas: 280
Ano de Publicação: 2016
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Neste livro sensível e delicado, a autora utiliza o universo fantástico para falar sobre memória. O protagonista é Cosmo, um menino que vive com o avô e muitas vezes tem pouca paciência com ele. Na verdade, o avô sofre de Mal de Alzheimer e está perdendo a memória. Um dia, ele dá uma chave a Cosmo e pede que ele vá até a mansão de Blackbrick. O menino descobre que o local é, na verdade, um portal para o passado, e lá encontra o avô aos 16 anos. Com a nova convivência, ele vai conhecer de verdade sua história.

De Volta a Blackbrick, de Sarah Moore Fitzgerald, reúne os elementos que costumam me encantar em livros infanto-juvenis: sensibilidade, leveza, uma pontada de mistério e um enredo cativante.

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A vida de Cosmo mudou desde que seu irmão mais velho morreu em um acidente: sua mãe se transformou em uma workaholic, mudou-se a trabalho para Sydney e o garoto passou a viver com os avós. Agora, ele se vê frente a mais uma mudança: seu avô, a pessoa mais inteligente que Cosmo já conheceu, está com Alzheimer, e deixando de ser quem costumava a cada dia que passa. Em um momento de lucidez, contudo, ele entrega uma chave ao garoto e o orienta a localizar os Portões Sul de Blackbrick, onde, segundo ele, Cosmo poderia encontrá-lo.

“Sempre que eu começava a ruminar a respeito de algo, vovô me falava que o passado está congelado como gelo, e que o futuro é líquido como água. E que o presente é o ponto de congelamento do tempo. […] Ainda gosto de pensar sobre isso às vezes. Toda a raça humana – todos nós -, guerreiros do presente, tornando futuro líquido em passado sólido a cada momento que passa.”

páginas 22 e 23

Sarah Moore Fitzgerald é professora especializada em psicologia, e é possível notarmos as influências de sua formação desde o início da história. Além do Alzheimer em si, a autora trabalha diversas questões como o luto e a negação, e as estratégias que desenvolvemos em situações conflitantes. É claro que nenhum desses elementos aparece profundamente exposto, considerando-se que De Volta a Blackbrick tem como público-alvo leitores mais jovens, mas é possível notarmos tais características a partir das atitudes e reflexões de Cosmo e de seu ponto de vista sobre as demais personagens.

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Assim, a narrativa de De Volta a Blackbrick se constrói em primeira pessoa de maneira leve e envolvente pela perspectiva do protagonista. Há uma inegável sensibilidade na escrita da autora, mesmo que haja, também, momentos mais divertidos. Não foi difícil mergulhar na leitura, e adorei poder sentir as dificuldades que Cosmo enfrenta com toda a situação, uma vez que, dessa forma, os sentimentos se fizeram mais verossímeis.

“Ainda assim, por um bom tempo depois disso, repassei a cena muitas vezes dentro de minha cabeça – aquele momento em que gritara com meu avô. Passei um longo tempo tentando mudá-la em meus pensamentos. Inventei uma nova lembrança, e, nela, em vez de ser horrível, sou todo solidário e gentil. Isso não faz com que me sinta muito melhor, no entanto. No segundo em que algo é feito, está feito e pronto. Não há como voltar atrás, não importa a intensidade com que se deseje o contrário.”

página 209

Gostei, também, de acompanhar o amadurecimento de Cosmo. O artifício empregado pela autora não só conferiu ao enredo de De Volta a Blackbrick uma maior atratividade, como também ampliou o contexto da trama, permitindo que ainda mais temáticas fossem abordadas, sem desvinculá-las das originais.

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De Volta a Blackbrick, dessa forma, foi uma leitura gostosa e relaxante, que também me permitiu singelos momentos de reflexão, além de ter transmitido uma bonita mensagem final. Sarah Moore Fitzgerald foi bastante bem sucedida ao falar, em sua obra, de luto, amor e memórias, adaptando as temáticas ao gênero ao qual o livro pertence.





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Uma resposta para "[Resenha] De Volta a BlackBrick – Sarah Moore Fitzgerald"

Cailes Sales - 09, julho 2016 às (11:54)

Oii Aione!!
De Volta a Blackbrick parece um livro realmente sensível. Gostei dele trazer uma temática séria, como a convivência com alguém que possui Alzheimer e, penso que, a importância de nesse momento, apesar das dificuldades, está o lado de quem se ama.
Pelo que entendi a história também possui um toque de magia, que deve deixar o livro mais encantador.
Realmente gostei da premissa da obra.
Bj!

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