Título: 1984
Autor: George Orwell
Editora: Companhia das Letras
Número de Páginas: 416
Data de Publicação: 2009
Skoob: Adicione
Compare e Compre: Amazon ♦ Americanas ♦ Cultura ♦ Submarino
Winston, herói de 1984, último romance de George Orwell, vive aprisionado na engrenagem totalitária de uma sociedade completamente dominada pelo Estado, onde tudo é feito coletivamente, mas cada qual vive sozinho. Ninguém escapa à vigilância do Grande Irmão, a mais famosa personificação literária de um poder cínico e cruel ao infinito, além de vazio de sentido histórico. De fato, a ideologia do Partido dominante em Oceânia não visa nada de coisa alguma para ninguém, no presente ou no futuro. O’Brien, hierarca do Partido, é quem explica a Winston que ‘só nos interessa o poder em si. Nem riqueza, nem luxo, nem vida longa, nem felicidade – só o poder pelo poder, poder puro.’
1984, clássico de George Orwell, era um dos livros que configurava em minha lista de desejados há muito tempo, mais precisamente como uma das leituras praticamente obrigatórias em minha experiência como leitora. Sendo um dos pais das distopias, inspirou diversas obras atuais, além do Big Brother, programa de reality show famoso mundialmente.
Narrado em terceira pessoa, o livro traz a história de Winston no ano que dá nome à obra, em Londres, pertencente à Oceânia, superpotência controlada pelo Partido, governo totalitário comandado por seu líder e símbolo, o Grande Irmão. O protagonista pertence ao Partido Externo, classe social intermediária ao Núcleo do Partido, a mais privilegiada, e aos “proletas”, a mais desfavorecida e predominante. Além da Oceânia, há duas outras superpotências, a Eurásia e a Lestásia, constantemente em guerras entre si. Winston, enquanto vive pressionado a aceitar o sistema vigente, acaba por, intimamente, se rebelar contra ele e, ao conhecer Julia, por quem se apaixona, ambos partem em uma revolta secreta contra o Partido, unidos pelo amor entre si e pelo desejo de liberdade.
“Estava sozinho. O passado estava morto, o futuro era inimaginável. Que certeza podia ter de que naquele momento uma criatura humana, uma que fosse, estivesse do lado dele? E como saber se o domínio do Partido não seria para sempre?”
página 38
Primeiramente, é interessante acompanhar as características da sociedade descrita, bem como cada uma delas influenciou tantas das distopias contemporâneas, lidas não só por jovens, mas por leitores de todas as idades: a hierarquização das classes sociais; a opressão e a violência do governo; a alienação e distorção da verdade como forma de controle. Particularmente, foi impossível não me lembrar, em especial, de O Doador de Memórias, de Lois Lowry, principalmente pela tentativa do governo de controlar as emoções e as relações humanas e familiares.
Além disso, a própria escrita de George Orwell é digna de atenção. Ao mesmo tempo em que parece haver certa distância e simplicidade em suas palavras, há momentos de maior intensidade e de sensibilidade, inclusive no que diz respeito à relação entre Winston e Julia. Há certo romantismo entre eles que não esperei encontrar durante a leitura, e fiquei surpresa com a narrativa delicada e quase poética de Orwell nesses momentos.
“Os fatos, pelo menos, não podiam ser mantidos ocultos. Era possível desvendá-los por meio de investigações, extraí-lo de você como o recurso da tortura. Mas… e se seu objetivo não fosse permanecer vivo, e sim permanecer humano? Que diferença isso faria no fim? Eles não tinham como alterar seus sentimentos: aliás, nem mesmo você conseguiria alterá-los, mesmo que quisesse. Podiam arrancar de você até o último detalhe de tudo que você já tivesse feito, dito ou pensado; mas aquilo que estava no fundo de seu coração, misterioso até para você, isso permaneceria inexpugnável.”
página 200
Porém, o grande trunfo de 1984, para mim, está na construção psicológica da trama. É a maneira de como o Partido consegue influenciar a mente dos indivíduos que garante poder a ele, e chega a ser aterrorizante o nível atingido pelo ser humano, aquilo que ele passa a ser quando tomado por uma verdade distorcida. George Orwell foi capaz de demonstrar com maestria a desintegração humana e da sociedade justamente por ter conseguido revelar as fraquezas e a crueldade dos homens; 1984 não é apenas uma crítica aos governos totalitários, mas, acima de tudo, um alerta sobre a corrupção e subversão do homem, mal a que está submetido quando exposto aos seus piores temores.
1984 não proporciona uma leitura rápida ou frenética, o que não significa não ser uma boa leitura ou, até mesmo, desinteressante. Ao contrário, é um prato cheio a qualquer um que souber apreciar suas particularidades e grandiosidade. George Orwell, em seu último romance, descreveu uma sociedade futurística um tanto quanto temida. Hoje, distante há mais de 30 anos da época por ele imaginada, sua obra continua atual no que diz respeito aos perigos sofridos pelo homem quando suas maiores fraquezas são expostas, e quando há o inesgotável desejo de poder aliado à mais profunda crueldade da própria alma humana.
Ja li este livro e realmente é muitoo bom. No momento que eu estava lendo parecia que a distopia estava sendo feita para governo que nos vivemos hoje, parecia que Orwell já sabia como seria o mundo futuramente, pois estamos sendo sempre vigiados e manipulados pela mídia que é a maior influenciadora ultimamente. Ótima resenha, Beiijos