[Resenha] Um ato de bondade - Polly Samson - Minha Vida Literária
Minha Vida Literária
08

jan
2016

[Resenha] Um ato de bondade – Polly Samson

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Título: Um ato de bondade
Autor: Polly Samson
Editora: Record
Número de Páginas: 308
Data de Publicação: 2015
Skoob: Adicione
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Até que ponto podemos confiar em quem amamos? Julian vê seu destino mudar por completo quando conhece Julia. Estudante universitário com um futuro promissor, ele abandona tudo por sua nova paixão, uma mulher nove anos mais velha presa a um relacionamento abusivo. A vida do casal em Londres é muito feliz, especialmente depois do nascimento da tão esperada filha, Mira. Ao descobrir que Firdaws, seu lar na infância, está à venda, Julian se dedica a reconstruí-lo para acolher a nova família. Mas a reforma da casa se torna uma obsessão que, aliada às investidas de uma ex-namorada, acaba por degradar seu casamento. É quando Mira fica terrivelmente doente que a vida conjugal se desintegra por completo, e Julia passa a não ser mais capaz de esconder do marido um segredo aterrador.

Um ato de bondade é o segundo romance de Polly Samson, e seu primeiro trabalho lançado no Brasil. A britânica é também autora de contos, além de letrista de David Gilmour, guitarrista e vocalista do Pink Floyd, desde a década de 90, com quem se casou nessa época.

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Em Um ato de bondade, temos a história de Julian e Julia em três diferentes momentos: o prólogo, datado do final da década de 80, época na qual se conheceram e se apaixonaram; a primeira parte da obra, narrada pela perspectiva de Julian em terceira pessoa, em meados da década de 90; e a segunda parte da trama, narrada pela visão de Julia, também em terceira pessoa, no início dos anos 2000.

Por meio de flashbacks, principalmente, é possível compreender a trajetória do casal até o momento narrado. Quando se inicia a narrativa de Julian, ambos enfrentam um processo de decadência do matrimônio, no qual Mira, filha de Julian e Julia, está gravemente doente, e a distância entre os dois apenas aumenta com todos os obstáculos enfrentados. Assim, enquanto Julian relembra momentos anteriores de sua vida, o leitor é capaz de pouco a pouco preencher as lacunas entre os anos vividos do prólogo ao momento atual da narrativa. Dessa maneira, não há uma linearidade dos acontecimentos, o que pode torná-los um pouco confusos, caso não seja feita uma leitura mais atenta. Cabe ao leitor montar em sua mente a linha do tempo de todos os fatos, conforme são apresentados na trama.

 

“Julian se inclinou e olhou pelo visor. Ele ficou estranhamente comovido com o que viu. Uma constelação – não, mais do que isso, tantos deles, cada um com sua própria auréola, como se iluminados por dentro. Cintilantes, trêmulos. Seu próprio universo composto inteiramente de cometas. Pareciam tão decididos, tão brilhantes e cheios de promessas que, por um momento, ele se sentiu triste por cada um deles, por sua urgência, pelo papel que eles nunca chegariam a cumprir.

página 64

 

Depois, com a narrativa de Julia, a história do casal já foi praticamente toda contada, então cabe a essa parte complementar aquilo que não poderia ser trazido pela perspectiva de Julian, além de trazer uma nova ótica sobre alguns acontecimentos e os fatos subsequentes ao período narrado na primeira parte. É apenas nesse momento da trama em que seus segredos são revelados e a história adquire seu maior significado.

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A escrita de Polly Samson caracteriza-se tanto por seu elevado grau de detalhamento e descrição das cenas, quanto por seu tom muitas vezes poético e sutil. Em diversos momentos, a autora apenas insinua os acontecimentos ou os descreve de forma mais sucinta, cabendo ao leitor compreendê-los nas entrelinhas. Devido à forte característica anacrônica da obra bem como suas muitas descrições, acabei achando a narrativa um tanto quanto lenta e, em muitos momentos, monótona, o que prejudicou meu envolvimento e apreciação da leitura.

 

“Julia fecha a porta com um clique, mas as lembranças não ficam para trás. Um súbito impulso a leva de volta à cozinha e, antes que ela possa mudar de ideia, ao telefone. Sua respiração parece ecoar no bocal do telefone. Julia se obriga a conservar a calma ao discar o velho número de Firdaws em meio a ruídos da linha. Ela não faz a menor ideia do que dirá se ele atender.

página 236

 

Além disso, a própria história me decepcionou em partes, ainda que a maneira de como a autora a desenvolveu tenha me agradado. Essa é uma história um tanto quanto melancólica, que revela as imperfeições do amor e as falhas de seus personagens; dessa maneira, torna-se difícil tirar dela uma mensagem positiva e, até mesmo, compreender o amor entre o casal, por conta de todas as escolhas por eles feitas.

De modo geral, Um ato de bondade foi uma leitura interessante, com pontos positivos muitas vezes ofuscados pelos obstáculos enfrentados por mim ao decorrer das páginas. Embora eu tenha questionado o próprio ato de bondade referenciado no título, gostei de como Polly Samson ocultou os segredos e construiu pouco a pouco a trama, de forma singelamente poética e detalhada. Não é uma leitura para momentos de maior descontração ou a quem procura um romance tocante e inspirador; ao contrário, é uma obra que exige certa dedicação por seu próprio ritmo, e capaz de revelar toda a complexidade inerente aos homens.

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19 Respostas para "[Resenha] Um ato de bondade – Polly Samson"

Déborah Duarte - 08, janeiro 2016 às (08:20)

Oie, eu nunca ouvi falar desse livro.
Parece ser um livro interessante com seus segredos. Mas como você disse na resenha a narrativa parece ser lenta, isso me desanima, gosto mais de livros que me cativa e a leitura flui bem fácil. Talvez futuramente eu pegue esse livro para ler e tirar minhas próprias conclusões.

rayane colomes - 08, janeiro 2016 às (10:01)

achei o livro bem diferente porem naio eh o tipo de leitura que ma agrada. nao gosto mto disto de ficar indo e voltando em tempos diferentes e com flashbacks… mas parece ser bom

Tami - 08, janeiro 2016 às (18:06)

Li a resenha porque a capa e o título me chamaram atenção, mas já vi que não é para mim. A história pareceu interessante (pode ser um bom drama) mas fujo de livros excessivamente detalhados porque sempre me cansam e normalmente a história fica em um ritmo muito lento. Esse vou passar…

Gaveta Abandonada

Amanda Ferreira - 09, janeiro 2016 às (00:07)

A história não me agradou, não sei, mas pra mim é meio sem graça 🙁
Os personagens tem nomes parecidos, e contam a mesma história em momentos diferentes, a narrativa é monótona e pelo que li, não há muitas mudanças durante a história. Se eu demoro para ler livros cheios de ação, imagina os monótonos?! Essa leitura eu passo.

Dan Igor - 09, janeiro 2016 às (10:10)

A premissa do livro parece interessante, diferente dos demais, mas acho que também não me interessei muito pelo fato do livro ser muito melancólico e meio hard core, mas parece ser uma boa leitura pra quem quer ler algo inesperado.
Adorei a resenha, Aoine *-* Abraços

Aciclea Vieira - 09, janeiro 2016 às (10:21)

Aione,a premissa me chamou muita atenção e fiquei logo de início interessada na obra e na trajetória dos personagens Julian , Julia e de sua filha Mira.Gostei da observação que devemos ficar atentos durante a leitura devido a falta de linearidade dos acontecimentos o que realmente pode confundir ,não gostei muito desse aspecto,mas agradeço a dica.Geralmente gosto de detalhamento e descrição das cenas e que também tenha um tom poético e sutil.Pena você ter achado a narrativa lenta e em alguns momentos monótona e também que a história tenha te decepcionado em partes.Mas mesmo assim pretendo lê-la e também observar seus pontos positivos e ver de perto sua trama construída de forma singelamente poética e detalhada.Mil beijinhos!!!

Larissa Oliveira - 09, janeiro 2016 às (10:36)

Olá, Aione! Acho que, dificilmente, a leitura do livro funcionaria para mim. Até gosto qdo o autor opta por narrar a história em diferentes pontos de vista, intercalando o passado com o presente, mas ficou forte a impressão de que essa característica atrapalhou, em certo momento, a fluidez da narrativa. Mas foi bom conhecer sua opinião sobre a obra.

Maria Alves - 09, janeiro 2016 às (15:36)

Vi esse livro aqui no blog, a historia parecia ser boa, com segredos e conflitos da vida de casados. Que pena que a leitura é lenta isso desanima o leitor.

Lara Cardoso - 09, janeiro 2016 às (21:43)

Oi!
Eu achei bacana a sua resenha, fiquei super afim de ler o livro. Espero poder ter a chance de fazer a leitura. Amo os livros de RECORD – VERUS e tudo mais.

Kayna Barra - 09, janeiro 2016 às (22:00)

Eu Gostei da resenha e infelizmente não vou coloca na minha lista porque a minha lista ta grande e eu quero ler O Conte de Monte Cristo e Jane Austen entre outros.
Bjsss

rudynalva - 10, janeiro 2016 às (01:11)

Aione!
Fugindo de livros muito intensos e que exigem atenção exclusiva.
Ando em busca de leituras mais leves e apreciativas.
Embora goste do arifício usado pela autora em dividir por épocas e trazer flashbacks, sem contar que gosto de narrativas bem descritivas.
Quem sabe em outro momento leia o livro?
“A dúvida é o princípio da sabedoria.” (Aristóteles)
cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
Participe do TOP COMENTARISTA de Janeiro, são 4 livros e 3 ganhadores!

Leticia Golz - 11, janeiro 2016 às (19:08)

Oi, Aione
Eu até gostar de ler, de vez em quando, uma história melancólica. Mas depende muito também. Nunca li nada da autora, mas gostei da premissa desse livro.
Essa questão do passado e presente, quando não é muito especificada, sempre me incomoda. Recentemente li um livro assim, e também achei confuso.
Gostei da resenha, acho que leria o livro sim.

livrosvamosdevoralos.blogspot.com.br

hanedantas - 12, janeiro 2016 às (21:39)

caraca! gostei demais da temática! ja estou marcando tudo no meu skoob pra me organizar nas próximas compras uuhuuu bjs

rayane colomes - 13, janeiro 2016 às (11:08)

para mim é um tema diferente porque nao costumo mto ler livros com esta tematica e nem encontro mto destes.. nao me agrada por causa dos flashbacks. este negocio de ficar indo e voltando nao me prende mto nao. acho que deve ser bom para quem gosta deste tipo de livro. é um livro sobre realidade. nao parece ter nada daquelas coisas cliches de livros de romance

Micheli Pegoraro - 15, janeiro 2016 às (16:24)

Olá Aione,
Quando o livro foi lançado me interessei pelo título, mas lendo sua resenha não se trata daquilo que pensei. É uma pena que a história não traz uma mensagem positiva marcante, mas mesmo assim pretendo ler futuramente, fiquei curiosa quanto aos segredos que envolvem o casal.
Beijos

Jéssica Fernanda - 19, janeiro 2016 às (17:07)

Alguém disse “letrista do Pink Floyd”? me animou super, daí você diz que se decepcionou, socorro! Mas realmente só pela ideia de formar um casal Julia e Julian, não dá pra esperar muito do livro

Ana I. J. Mercury - 24, janeiro 2016 às (14:14)

É esse não me interessou muito, principalmente por ser uma narrativa mais devagar, o que me irrita muito kkkkkkk e por contar mais os erros e tal dos personagens, porque gente quero ler coisas lindas e inspiradoras, já chega os meus erros que me dirá os dos outros kkkkkk
bjos

suzana cariri - 29, janeiro 2016 às (13:53)

Oi!
Ainda não conhecia esse livro e pareceu uma historia legal, com muito segredos e também achei diferente pelo o modo que a autora escolheu para narrar essa historia, mas não é o tipo de leitura que gosto de fazer !!

Fe Fernanda - 31, janeiro 2016 às (18:31)

Acho interessante livros que nos incentivam a sermos bondosos com o proximo, interessada para ler

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