Fiquei muito contente com o convite da Aione para escrever um post aqui para o Minha Vida Literária, não apenas pelo convite em si. Esse é meu blog de literatura preferido, pela identidade que criei com ele e com a Aione.
Deixando o momento “recepção do Oscar”, vim aqui para falar um pouco sobre o tema da semana: literatura clássica.
Comecemos pelo que define a literatura clássica.
Pelo dicionário clássico é:
Segundo o site Lusofonia poética, a designação de época clássica, refere-se à tendência estética e cultural que proliferou na Europa, desde meados do século XVI até finais do século XVIII. Defendia e cultivava a recuperação da cultura clássica greco-romana, no que toca às referências estéticas e culturais. Corresponde ao movimento Renascentista.
Dentre as características que definem o classicismo estão:
– Valorização dos aspectos culturais e filosóficos da cultura das antigas Grécia e Roma;
– Influência do pensamento humanista;
– Antropocentrismo: o homem como o centro do Universo;
– Críticas as explicações e a visão de mundo pautada pela religião;
– Racionalismo: valorização das explicações baseadas na ciência;
– Busca do equilíbrio, rigor e pureza formal;
– Universalismo: abordagem de temas universais como, por exemplo, os sentimentos humanos.
Dentre os autores clássicos mais famosos, encontramos o português Camões, o inglês Shakespeare e o italiano Dante Alighieri. Três grandes autores, que admiro muito.
Mas, ainda temos os autores neo-clássicos como Jane Austen, Machado de Assis, Goethe, Antoine Saint-Exupéry, Leon Tolstoi, Euclides da Cunha e, por aí segue.
Relembrando a definição de clássico do dicionário, “próprio para servir em aula”, muitas obras consideradas clássicas são amplamente exploradas e trabalhadas durante o período escolar.
Não sou professora da área de letras ou linguística, porém posso inferir que parte desse estudo auxilia no aprendizado do contexto histórico, movimentos sociais, percepções artísticas (posso estar enganada, peço que me perdoem se assim o for).
Eu chego agora no ponto que me propus a vir trazer para vocês: Por que ler clássicos?
Eu sempre fui uma ávida leitora. Porém, sempre questionei a leitura de clássicos nas escolas. Acreditava que faltava maturidade para compreendermos alguns, e que, acima de tudo, deveríamos privilegiar literatura para a nossa idade, de nosso interesse.
Mantenho essa opinião ainda hoje.
Sou contra os clássicos? Será que é por tal motivo que a Aione me pediu para escrever o post?
Claro que não. Vários de meus livros preferidos são clássicos. Acho excelente lê-los tanto quanto outros gêneros literários. O que me importa é ler.
Acontece que eu acho que eles costumam inibir a leitura nessa fase (mesmo aquelas adaptações).
Lembro da Ana Maria Machado dizendo que ler é como namorar. Você tem que sentir prazer e gostar de quem está namorando. E se não deu certo na primeira, tente novamente. Esse é o meu ponto contra. É como achar que todos os adolescentes e crianças gostarão de namorar mais com Anthony Hopkins/Meryl Streep que com Robert Pattison/Emma Watson.
Os gostos são outros, a realidade também e a linguagem, então!
Por isso, acho importante primeiro criar o gosto pela leitura (não que seja impedimento para se trabalhar clássicos na escola, eu só acho que eles devem ser menos regra), depois se aventurar a conhecer melhor os movimentos literários e se aventurar com a velha guarda.
A literatura clássica pode cansar muitas vezes com suas longas descrições e dar a sensação de que não há ação, que é enrolação. Temos que ter em mente que um pouco era mesmo. Parte do contexto de entretenimento da época. Um romance curto seria o mesmo que uma novela de 4 capítulos.
Não havia televisão, os transportes eram mais difíceis. A forma das pessoas se entreterem e viajar pelos locais só ocorria pela literatura. Quando lemos esses autores, conseguimos até compreender a importância para eles mesmos dos clássicos da época.
Assim, sem mais enrolações sugiro que se você nunca leu um clássico: se aventure! Não gostou? Troque de novo, pule algumas páginas (é sério, às vezes é necessário). Insista.
Tudo falhou? Não desanime, espere um tempo e volte a tentar daqui a uns anos. Não se menospreze por isso.
Ler é uma dádiva!
Segue abaixo algumas das minhas indicações de autores clássicos:
Ingleses: Jane Austen, irmãs Brontë, Oscar Wilde, James Joyce, Shakespeare.
Franceses: Victor Hugo, Gustave Flaubert, Antoine Saint-Exupéry
Argentino: Jorge Luís Borges
Portugal: Eça de Queiroz, Fernando Pessoa
Brasil: Machado de Assis, Manuel Bandeira, Érico Veríssimo, Clarice Lispector, Mário de Andrade.
Muito bom o post! Eu adoro clássicos, li bastante já mas nos últimos tempos meio que dei uma parada no estilo, quero retomar uma hora só que agora estou muito empolgada com outros gêneros.
Concordo com o que você disse que as vezes acaba sendo meio cansativo, mas se você sobreviver com certeza você pode ter ótimas surpresas com essa obra. Tipo Madame Bovary, eu fiquei com preguiça em determinado ponto mas depois amei e virou um dos meus livros favoritos.
Olá, Lili! Gostei da forma que você se expressou na postagem. Acho que boa parte do problema sempre foi a imposição de ter que ler aquele livro específico. Sempre gostei de me sentir livre para ler o que bem quisesse, e nunca fui de julgar a leitura de ninguém, até porque procuro ser o mais eclética possível – tenho entre os meus preferidos livros completamente variados, independente do estilo ou época de publicação. Gostei da comparação que você fez com os atores rs é bem assim mesmo. Tem gente que julga, sem saber que a mesma pessoa que “assiste” um, assiste o outro com muito prazer. Às vezes a questão do timing é tudo. Não adianta dizer para um adolescente de 14, 15 anos, que ele tem que ler Aquele livro; essa obrigação de ler algo diferente, ou simplesmente algo que ele não esteja afim de ler no momento, pode acabar afastando-o da leitura por completo. Aprecio muito mais a leitura de alguns clássicos hoje em dia, do que há alguns anos, por exemplo! Beijos e parabéns pelo post!
Com certeza. Imposição não combina com adolescência. Porém, não é só problema de imposição a falta de leitura de muitos adolescentes. Falta experimentar mais e mudar a imagem de quem lê é chato, é antissocial e etc.
Quem lê pode ser popular hehehe Agora, tens razão, timing é tudo. É o que eu disse. Algumas leituras exigem maturidade (mesmo que não sejam clássicos). E, por isso, é necessário esperar. Ler de novo.
Quando eu citei de pular algumas páginas, lembro de ter escolhido dentre uma lsita de leitura ofertada pela professora o livro “A carne”. Tudo porque um personagem de um livro que eu adorava tinha lido ele.
Eu até gostei do livro, mas as cartas gigantes de descrição da geografia local estavam empacando a leitura de uma adolescente de 15 anos. Eu pulei mesmo 2 ou 3 páginas e segui adiante.
Gente, uma coisa é mais do que certa, a obrigatoriedade da leitura de clássicos na escola acaba por influenciar negativamente um possível futuro leitor, os adolescentes definitivamente não tem paciência para a linguagem rebuscada sempre presente neste estilo literário, nem se quer entendem o que está escrito, devido a este fato, eu não sou a favor da campanha de clássicos na escola, acho que isto poderia mudar.
Eu não sou inteiramente contra, porque entendo o contexto de se estudar movimentos literários. Porém, eles nem sempre são aproveitados dessa forma.
Com certeza sou a favor de uma estimulação livre da leitura, e de trabalhar um ou dois clássicos ao longo do ano (no ensino médio) aliados ao estudo dos movimentos literários.
Já falei mais ou menos o que eu acho dos clássicos na post que você fez, Mi, então não quero repetir.. Mas, enfim, nunca tinha visto a Lili, mas já gostei bastante da sua post, viu? Parabéns, bem completa! Beijão!
Gostei … Parabens pelo post …