[Livros Na Telona] Julie & Julia - Julie Powell - Minha Vida Literária
Minha Vida Literária
25

abr
2012

[Livros Na Telona] Julie & Julia – Julie Powell

Sobre o Livro

Título: Julie & Julia
Autor: Julie Powell
Editora: Record
Número de Páginas: 312
Ano de Publicação: 2007
Skoob: Adicione
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Julie & Julia é uma autobiografia escrita por Julie Powell a fim de relatar a experiência de realizar o desafio proposto a ela por ela mesma: fazer, em um ano, todas as receitas culinárias do livro “Mastering the Art of French Cooking”, de Julia Child, um dos nomes mais influentes da culinária norte-americana.
Julie não estava muito feliz com sua própria vida quando decidiu fazer o desafio. Vivia uma fase de acomodação, tanto em seu trabalho quanto em seu casamento. Assim, essa ideia foi algo que, embora parecesse tola e maluca aos outros, serviu para injetar um pouco de ânimo na mesmice do seu dia-a-dia. Não simplesmente o desafio foi uma novidade, como também o blog criado por ela para postar, diariamente, o acompanhamento desse um ano desafiante.
A leitura de Julie & Julia foi algo extremamente agradável para mim. A autora não dispensou ironias e sarcasmos para relatar seu ano. Não apenas sobre sua vida, ela também inseriu fatos da vida de Julia, fazendo, portanto, um paralelo entre a vida de ambas. Julie transcreveu diversas cartas de Julia Child, presentes nos mais diversos livros publicados sobre a vida dela. Powell nutria desde pequena uma grande admiração por Child e acabou criando com ela um forte vínculo, ainda que existente apenas em sua mente. O desafio foi algo que intensificou ainda mais essa ligação que Julie sentia por Julia. Assim, acabamos por conhecer tanto Julie quanto um pouco de Julia e, principalmente, visualizar esse relacionamento que a primeira criou, bem como a Julia que Julie enxergava.
Achei Julie extremamente audaciosa por escrever esse livro, o que não é uma novidade, considerando sua atitude em realizar o desafio. Ao fazê-lo e ao postar suas experiências em seu blog, Julie acabou ficando conhecida e angariou seguidores e torcedores em seu projeto. Dessa maneira, seu livro foi apenas uma consequência do desafio. Sua audácia, entretanto, não está no fato de escrever o livro, mas sim na maneira nua e crua com que ela relatou detalhes de sua vida, inclusive sobre seu casamento. Sabe aqueles pensamentos mais íntimos que você tem sobre alguém e que nem sempre devem ser ditos em voz alta, apesar de serem naturais a nós que ocorram? Pois é, ela os colocou no papel, a fim de trazer ao leitor exatamente o que se passava em seu íntimo. A escrita do livro é quase como uma auto-análise, onde ela vai passando para o papel o que rodeava sua mente, como uma forma, talvez, de compreender e conhecer mais a si própria e, assim permitindo que o leitor fizesse o mesmo.
É possível rir durante a leitura, visto que as situações pelas quais Julie passa são as mais hilárias possíveis (imaginem só cozinhar receitas consideradas finas e, muitas vezes, bem complicadas, em um apartamento minúsculo e uma total falta de prática de se cozinhar. Pois é.), refletir sobre momentos e relações que vivemos, bem como sobre a importância que certas coisas têm para uns enquanto são totalmente insignificantes para outros, e, até mesmo, se emocionar. Lembro de ter ido às lágrimas ao final por ter achado linda essa relação que Powell construiu com Child. A importância desse vínculo fica completamente visível nas últimas páginas, assim como a noção de sua existência no íntimo de Julie, apenas.
Li o livro muito antes de fazer o Minha Vida Literária (ao menos dois anos antes), e acho que, caso eu o lesse hoje, me identificaria muito mais, porque hoje sei como um pequeno projeto pode mudar tanto uma pessoa e a vida dela – afinal, foi isso que esse blog fez comigo. Pode ser algo pequeno, pode ser algo incompreensível para muitos, mas sei o quão impactante ele foi na minha vida e o quanto ele me fez bem. E foi isso o que aconteceu com a Julie. Além disso, é muito bom ver sua persistência em avançar no projeto e no blog, mesmo com tantas dificuldades.
Por mais que biografias possam não agradar a muitos, recomendo e muito a leitura dessa, principalmente porque a narrativa não é típica do estilo a que o livro pertence. Diria que ela se assemelha muito mais a de um chick-lit do que a de uma biografia, principalmente por ser narrado em primeira pessoa por uma mulher e trazer as mais diversas e hilárias situações. Aliás, o livro poderia facilmente ser um chick-lit se não se tratasse de uma história verídica.
Sobre o Filme
Apesar de a adaptação ter sido bem fiel, visto que a maioria das cenas presentes no livro estão no filme, assim como a ideia geral e a essência da história foram adequadamente transmitidas, o filme é diferente do livro. Isso porque traz muito mais de Julia Child do que de Julie Powell.
O livro, como foi escrito por Julie Powell, obviamente trará com muito mais detalhes a vida da autora, até porque ela apenas pode contar sobre Julia Child aquilo que ela pesquisou em outros livros e aquilo que ela mesma enxerga sobre Child. Já o filme, por ser baseado no livro e não sua réplica, acabou focando mais na personalidade de Julia, até porque essa é muito mais famosa do que Julie.
De qualquer forma, achei que a adaptação foi um complemento perfeito à leitura; enquanto a obra de Powell nos permite um maior aprofundamento em sua vida e em suas reflexões, o filme apresenta mais de Child e de como foi sua trajetória. Algo que valeu muitíssimo a pena de ter sido aprofundado na adaptação, foi o relacionamento entre Julia e seu marido. Eles viveram uma belíssima e real história de amor, marcada por apoio, respeito, confiança e admiração mútuos. Principalmente em tempos em que relacionamentos sólidos e duradouros são cada vez mais raros, esse é um exemplo e uma inspiração de que casamentos assim de fato podem existir.
Nos papeis principais, as escolhas não poderiam ser melhores. Amy Adams interpretou de maneira admirável Julie. Fui capaz de reconhecer os trejeitos, a personalidade, os momentos de stress e todas as divagações transcritos no livro, ainda que muitas das passagens não sejam diretamente apresentadas. Amy conseguiu incorporar a essência de Julie.
Como Julia, Maryl Streep está brilhante – o que não é surpresa alguma. Considero (e a torcida do Corinthians também) a atriz uma das melhores de Hollywood, simplesmente pela sua grandiosa capacidade de atuar maravilhosamente bem qualquer papel que lhe for dado. O simples fato de a atriz estar presente em um filme, independente de qual for, já é um importante fator para chamar minha atenção. Dessa maneira, Meryl interpretou Julia de maneira perfeita, desde seu sotaque até seu jeito levemente tímido e descoordenado por sempre ter sido uma mulher grande e alta, o que lhe causava certo embaraço.
Jane Lynch também faz uma aparição no filme, como irmã de Julia, e foi outra que mostrou muito bem seu talento. O ótimo relacionamento entre ambas ficou muitíssimo bem aparente através da interpretação de ambas.
Esse é mais um dos filmes que não necessitam da leitura para serem assistidos. O simples fato de assisti-lo já é uma agradável experiência. Porém, ela se torna muito mais rica se acompanhada da leitura, capaz de nos fazer compreender muito melhor o que pode ter ficado apenas sutilmente sugerido na adaptação. Ainda, é preciso compreender que essa não é uma história com o simples objetivo de entreter, que trará uma proposta, um desenvolvimento, um clímax e uma conclusão. Não, o objetivo aqui é analisar o entrelaçamento da vida de duas diferentes mulheres, compreender suas mais diversas vivências e enxergar a mágica dentro da mais pura realidade de cada uma.
Confira o Trailer do Filme




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8 Respostas para "[Livros Na Telona] Julie & Julia – Julie Powell"

Marcelo Lima - 25, abril 2012 às (23:16)

Achei esse filme tão fofo , eu ainda nem gostava muito de ler ,mas depois que assisti vi o livro na banca e achei bem legal “)

Planet Pink - 25, abril 2012 às (23:57)

Maryl é diva né, fala sério hahah
concordo com o Marcelo, achei o filme fofo

Beijão!!
Nati

Sora Seishin - 26, abril 2012 às (17:02)

Oi Aione!
Adoooro a Meryl Streep, veria o filme só por causa dela!
Outra coisa que achei interessante é que me identifiquei um pouco com o que você contou da Julie, pois eu também criei meu blog em um momento de tédio, para me distrair da vida.
Quero ler o livro ou ver o filme!

Beijos,
Sora – Meu Jardim de Livros

Eduarda Menezes - 27, abril 2012 às (15:08)

Oi Mi!
Eu nunca me interessei particularmente por esse filme, mesmo gostando bastante da Meryl e da Amy Adams, duas excelentes atrizes. Mas agora pensando bem, até leria o livro, e talvez ele fosse o responsável por despertar a minha atenção para o filme. Confesso que sempre achei que seria meio… sem graça. Porém com todos esses pontos abordados, o fato da narrativa ser leve, e ao mesmo tempo reflexiva já que te incentiva a não desistir, até mesmo dessa certa identificação que nós sentimos em relação a Julie, por conta das adversidades e problemas em mantermos os nossos compromissos profissionais, com aqueles que também levamos a sério mas fazemos por puro prazer, me mostrou que há mais nessa história do que eu vi à primeira vista. Às vezes uma mudança que pode parecer pequena aos olhos dos outros, na verdade é a responsável por uma grande mudança em nossas vidas. E tenho certeza de que agora ninguém mais duvida disso em relação a Julie.
Achei interessante o fato do filme focar mais na Julia do que na Julie, já que ela é a autora do livro e protagonista da história, mas como você mesma ressaltou é apenas baseado, e se a mudança ficou boa então ela veio para melhorar e acrescentar ainda mais fatos a história.
Beijão!

Vanessa Tourinho - 27, abril 2012 às (20:01)

Apaixonei pelo livro, sem tê-lo lido, Mi! <3
Eu já tinha ouvido falar, mas não sabia que era uma biografia. Deve ser uma leitura muito agradável. Adorei conhecê-lo um pouco mais.
O filme, não assisti, mas vou deixar para ver depois da leitura concluida.
🙂

Lucas Martins - 27, abril 2012 às (20:05)

Não tinha como não ter um foco na Julia, pois a Julia é a MERYL STREEP, tipo assim! *—-*
Tá, eu entendi, só tô tirando onda porque amo a Meryl. Risca isso!
Eu me lembro de ter visto um pedaço do filme passando na tv a cabo e gostei/ri bastante… Eu também gosto da Amy, então curti ela no filme.
Eu já tive mais vontade de ler o livro, mas o ar meio autobiográfico não está fazendo minhas leituras atuais…
Eu não sabia que existia uma edição (linda a capa, aliás) da Conrad Editora… Tipo, só achei que tivesse da Record, um equívoco, claro. Por isso adoro o Minha Vida Literária, sempre conheço algo novo (coluna da Pri arrasando!) e/ou descubro algo que nunca tinha me ligado.
Enfim.
Adorei a escolha de filme/livro para este debate, Mi!
Beijão!

Becca Martins - 31, julho 2015 às (00:37)

Oi Mi
Eu não sou muito de ler biografias, mas o filme me chamou bastante atenção.
Então claro que eu vou ver. E se eu gostar quem sabe, eu não acabo lendo o livro.
Beijos!

samara - 14, novembro 2015 às (09:32)

Adoro Júlia child fantástica,adoraria a ter conhecido,mas estou satisfeita com o legado que ela deixou !

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