Especial Insaciável #4 - Cenas Deletadas - Minha Vida Literária
Minha Vida Literária
12

dez
2011

Especial Insaciável #4 – Cenas Deletadas

 
Gostaram do último post, com a cena deletada do original de Insaciável?
Gostariam de ler mais uma? E mais duas?


Tradução: Breno Melo

Cena deletada: Alaric

“Esta cena sobre a frustração de Alaric com a viagem aérea e as acomodações de um quarto de hotel barato, foi deletada devido à sua extensão, mas agora acho que eu deveria tê-la conservado no livro.
Oh, bem, talvez eu a ponha na sequência:”

 
 
 
 
            A única parte de sua vida com a qual Alaric não estava satisfeito, de fato, era que ele frequentemente era chamado durante suas viagens ao redor do mundo para ficar em acomodações que não eram luxuosas. E, ocasionalmente, andar de ônibus.
            Esta última parte simplesmente não estava direita, e tendia a enfurecê-lo. Ele tinha mais de 1,90m de altura. Ele realmente, e todos os Guardas Palatinos, incluindo Johanna, eram simplesmente altos demais para um ônibus.
         O Vaticano certamente tinha o dinheiro para o transporte. Eles tinham ouro suficiente para voar o mundo inteiro na primeira classe, se assim quisessem.
        Mas, ocasionalmente, quando não havia outros voos disponíveis  muitas vezes não havia sequer aviões privados para que eles fretassem  Alaric e seus companheiros da Guarda não tinham escolha. Eles tinham que  usar o meio de transporte que houvesse a disposição.
         E assim Alaric foi se sentar ali no ônibus, pensando consigo mesmo que ele deveria realmente encontrar outra área de trabalho. Ele só não tinha certeza de qual outra. Que outra carreira te permitia matar vampiros? E com uma espada?
        Ele não conseguia pensar em outra carreira.
        Era um problema.
      E outra coisa. Bagagem perdida. Ocasionalmente, as companhias aéreas perdiam o Señor Sticky, que era como ele batizou sua arma. Quantas horas ele tinha desperdiçado, parado em minúsculos escritórios de reivindicação de bagagem, apontando para retratos da caixa em que levava sua espada (felizmente, ela parecia um saco de golfe ou de esqui, e ninguém jamais perguntou o que estava dentro), exigindo saber quanto tempo levaria até que a companhia aérea a devolvesse. De verdade, os funcionários da companhia aérea sempre foram muito agradáveis com ele.
         Mas, honestamente, vidas poderiam ser perdidas enquanto ele estava sentado em seu quarto de hotel  quase nunca de cinco estrelas —, assistindo à CNBC para ver como seus investimentos estavam indo, à espera de sua mala para ter a espada de volta.
       E, sim, estacas de madeira funcionavam muito bem. Ele poderia facilmente produzir uma quebrando uma cadeira e usando uma das pernas (embora mesmo a maioria das pequenas cidades já tivesse uma loja Home Depot ou de fornecimento de madeira hoje em dia. Como sempre, Alaric gostava de quebrar cadeiras).
       Como sempre, ônibus!
 
 
Confira a cena original em inglês no site da autora:


Cena deletada: Leisha






“Em uma versão de Insaciável, Leisha trabalhava no gabinete do Prefeito, e seu nome era Carla. Isso mudou porque ela era mais divertida como uma cabeleireira chamada Leisha, e as cenas escritas segundo seu ponto de vista foram cortadas devido à sua extensão.”

 
 
         
 
 
      Carla Weinberg olhou para a réplica de papelão em tamanho real de Gregory Bane. O ator  que interpretou um vampiro de 200 anos de idade na novela Luxúria  não estava vestido com nada mais do que uma calça jeans apertada e uma camisa de linho branco, aberta até quase o umbigo. Ele segurava uma corrente de metal firmemente em torno de seus ombros flexionados enquanto olhava para ela tão expressivamente, com um olhar tão concentrado, que quase faiscava.
          “Você está brincando comigo, não é?” Carla perguntou, olhando sem acreditar para o mensageiro que tinha acabado de entregar a réplica em seu escritório.
          “O documento diz que é aqui”, disse o garoto, segurando uma fatura anexada a uma prancheta e uma caneta para ela assinar. “Entregar a Carla Weinberg, assessora de Imprensa, Prefeitura de Nova York. Carla é você, num é?”
         “Oh, Deus”, disse Carla, e pegou a prancheta e a caneta. Ela olhou Gregory Bane e seu pálido peito musculoso um segundo mais.
         Então ela disse: “Oh, Deus”, novamente, e assinou no lugar indicado.
“Até mais”, disse o mensageiro, pegou a prancheta e a caneta, virou-se e foi embora, deixando para trás Gregory Bane.
       “Hei”, gritou uma voz feminina, vinda do corredor do lado de fora do escritório de Carla. Lori pôs só a cabeça pela porta. “Esse não é Gregory Bane?”
       “Parece que sim”, disse Carla, sem entusiasmo.
       “Onde você conseguiu isso?” Lori queria saber. “Minha filha mataria por um desses.”
       “O estúdio enviou mais”, disse Carla, deixando-se afundar atrás da mesa. “Eles precisavam de permissão para filmar no Rockefeller Center na próxima semana, e permitimos. Eu acho que essa é a maneira deles de dizer obrigado.” Ela pensou, sem acrescentar em voz alta: Talvez como uma piada?
          “Esse é Gregory Bane?” Mariko tinha passado com uma bandeja cheia de copos de café-com-leite em suas mãos. Agora, ela deu uma guinada para o escritório de Carla e olhou estupidamente para a réplica maior-que-o-tamanho-real. “Meu Deus, ele é tão atraente. Minha sobrinha daria literalmente seu braço direito por um desses.”
           “Eu sei”, disse Lori. “Minha filha também.”
           O telefone de Carla tocou. Ela verificou o identificador de chamadas. Era seu marido.
           “Eu te dou vinte dólares por ele”, disse Mariko a Carla.
           “Cinquenta”, disse Lori.
           Mariko apertou os olhos. “Setenta e cinco!”
           “Cem”, latiu Lori.
           Carla gostou da maneira como isso estava acontecendo. Muito.
         “Eu lhes afirmo que”, disse ela, pegando o telefone”, quem quer de vocês que me dê 200 primeiro, leva.”
          Ambas, Lori e Mariko, desapareceram, aparentemente correndo para pegar os talões de cheques delas. Carla disse, ao telefone, “Alô, gabinete do Prefeito.”
           “Eles acabaram de encontrar outra,” disse seu marido Adam.
           “Outra o quê?”, perguntou ela, estendendo a mão para o pote de amêndoas defumadas que mantinha em sua mesa. Elas eram, de acordo com Oprah(1), um lanche saudável. E, em seu último trimestre de gestação, Carla precisava de todos os lanches saudáveis que pudesse ter em suas mãos. Embora pegasse aqueles quase nada saudáveis, também, se houvesse algum em sua frente.
           “Como você pode não ter ouvido falar sobre isso?” Adam perguntou. “Você trabalha para o Prefeito. Eles encontraram outra garota morta.”
           “Você está falando sério?” Carla perguntou, irritada. Seu marido sempre vinha fazendo isso com ela ultimamente, telefonando-lhe e falando sobre algo, colocando-a no meio de uma conversa que ele obviamente já tinha começado com outra pessoa. “Eu redijo as declarações do prefeito publicadas na Imprensa. O que eu tenho a ver com assassinatos, a menos que o prefeito esteja fazendo uma declaração sobre um? E quando é que ele já fez uma declaração sobre um assassinato?”
      “Quando é o terceiro em menos de um mês”, disse Adam. “Todas mulheres jovens, aparecendo estranguladas em parques locais. Como você pode não saber disso? Isso tem ocupado todo o noticiário.”
            Carla olhou para o torso despido de Gregory Bane, que manejava a corrente.
           “Quantos anos elas tinham?”, perguntou ela.
           “Vinte e poucos”, disse ele. “Uma tinha dezenove.”
           “Números”, Carla disse, com um grunhido, deixando cair mais amêndoas em sua boca. “Se elas estivessem na casa dos trinta, não teriam aparecido no New York One(2).”
           “Carla”, disse Adam. “Por que você tem que ser tão amarga? E, antes que você diga qualquer coisa, essas garotas não estão sendo mortas por seus namorados ou traficantes de drogas. Essas mortes não estão relacionadas a quadrilhas. Eles acham que pode ser obra de um assassino em série.”
          Carla não pôde deixar de rir. “Quer ouvir a si mesmo?” ela disse. “Exatamente o quanto você está assistindo à CNN? Matanças relacionadas a quadrilhas? Obra de um serial killer?”
           Adam parecia frustrado. “Ele parece ter como alvo mulheres jovens e atraentes que saem para dançar com suas amigas. Essa é você e Meena.”
           “Hum”, disse Carla. Agora ela esta definitivamente se divertindo. “Desde quando? Você esqueceu que estou grávida de sete meses? Eu não acredito que eles deixem mulheres grávidas como eu entrarem em boates. E, se algum serial killer tentasse ir atrás de mim ou de Meena, ele acordaria sentindo bastante pena de si mesmo na manhã seguinte. Você sabe que temos aquelas aulas de auto-defesa com nossas Irmãzinhas na Rua Y.(3) Nós podemos repelir o ataque de qualquer serial killer…”
         “Não é engraçado, Carla”, disse Adam. “Esta última garota foi encontrada nua debaixo de algumas folhas perto da estátua de Alice no País das Maravilhas no Central Park. Um cara passeando com seu cachorro a encontrou. Bem, o cão a encontrou.”
           “Eca”, disse Carla. “Veja, você não está feliz por termos um gato em vez de um cachorro? Os cães só dão dor de cabeça. Meena sempre tem que se levantar com as galinhas para levar o dela para passear. E agora eles estão cheirando até cadáveres quando são levados para passear…”
        “Carla”, disse Adam. “Meena vive junto ao parque. Vocês saíram na última noite. Poderia ter acontecido algo com…”
            “Oh meu Deus”, disse Carla. Ela queria desligar o telefone.
          Nesse momento, Lori irrompia de volta no escritório, acenando com um cheque, aparentemente corada depois de ter descido correndo um lance de escadas.
           “Aqui está”, ela gritou. “Duzentos!”
           “Espere!” Mariko entrou correndo, depois de Lori. “Eu tenho um cheque também.”
            Carla pressionou o fone, virado para baixo, contra seu ombro. “Desculpe, Mariko. Lori chegou aqui primeiro.”
            Mariko ficou ali olhando como se ela estivesse prestes a explodir em lágrimas. Carla perguntou se a réplica de papelão iria realmente para sua sobrinha depois de tudo, ou talvez para Mariko.
         “Espere”, disse Mariko de repente, iluminada. “Duzentos e cinquenta!” E ela apanhou um caneta da mesa de Carla, e mudou o valor do cheque.
            Carla olhou para a tinta que secava. “Vendido”, disse ela.
            Lori parecia irritada.
            “Bem… tudo certo”, disse ela. “Eu não queria tanto assim, em todo caso.” E ela se virou e foi embora, pisando duro.
       “Ha!” Mariko pegou a réplica de papelão e levou-a triunfalmente do escritório de Carla, rindo alegremente por todo o caminho.
            “Desculpe-me por isso”, disse Carla, voltando a falar por telefone com seu marido. “Probleminha leve de trabalho. Seja como for, Adam, eu estou bem. Meena está bem. E o que você sabe? Você está bem. Nós vamos ficar bem. Sinto muito por essas garotas mortas, mas não há nada que qualquer um de nós possa fazer com respeito a isso. Por favor, você não quer simplesmente desligar a TV e ir dar um passeio?”
            “Carla…”
            “Por favor. Você precisa sair do sofá.”
            De repente, Adam ficou furioso. “Você está dizendo que eu não…”
            “Não. Eu não estou.” Oh, Deus. Ela havia estragado tudo. Agora ele estava maluco. “Eu…”
            “Tudo bem. Eu te vejo quando você chegar em casa depois do trabalho. Se você não for morta.”
            Ele bateu o telefone. Carla olhou para o fone por um segundo ou dois antes de se conter. Ela pensou um pouco sobre telefonar para Adam de novo.
            Mas ela sabia como seria a conversa. Ela se desculparia, mesmo
não sabendo o que era que tinha feito para deixá-lo tão maluco (prometer não ser morta por um serial killer?) e ele ficou emburrado.
            Não. Ela não telefonaria. Daria algum tempo a ele para esfriar a cabeça.
            Ela desligou e suspirou diante do número de e-mails não lidos em sua caixa de entrada. Então pegou o fone de novo e discou o número do trabalho de Meena.
 
_________
            (1) Uma apresentadora de TV famosa, nos EUA.
            (2) Canal de notícias, daTV a cabo, 24h no ar, focado no dia-a-dia da cidade de Nova York.
            (3) Ela está dizendo que ambas têm aulas de defesa pessoal com as religiosas de uma igreja na Rua Y, em Nova York.
Confira a cena original em inglês no site da autora: 




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16 Respostas para "Especial Insaciável #4 – Cenas Deletadas"

Milena - 12, dezembro 2011 às (18:46)

Oi, Mi! Como no outro post, não li a cena porque quero me surpreender e ficar com aquele “ahh, não acredito (ou sim kkk) que ela deletou essa parte!” depois que eu ler o livro. Mas confesso que estou amaaaando esses especiais que você está fazendo! Você podia fazer um de outro livro tb, né?!

Beijos!

Kivia Nascentes - 12, dezembro 2011 às (19:05)

Ei bonita!
Quero muito ler o insaciável ainda nessa vida, por isso acabei pulando o post. Não conhecia essa “coluna”, mas gostei demais da idéia.

beijos sua diva absoluta

Natalia Dantas - 12, dezembro 2011 às (19:29)

Oi.
Tudo bem, Aione 🙂
Confesso que como a Milena daqui de cima, não li a cena, por que quando eu for ler o livro, quero ter uma certa surpresa, se é que vc me entende!?

mais como sempre está tudo mara!
Beijos :*
Natalia.
http://musicaselivros.blogspot.com/

Rachel Lima - 12, dezembro 2011 às (20:01)

Gentem, eu não terminei de ler este livro então eu volto correndo aqui depois! hahahaha. Adorei isto, não sabia que tinha as cenas deletadas no blog da autora, achei super útil. Tá lindo aqui, Aione *-* Beijos!

Rachel Lima | Corujando

João Victor - 12, dezembro 2011 às (20:25)

Oi ..

Estou doido com esse livro .. Quero muito ler *——*

Ps. Capa linda ^^

João Victor
Amigo do Livro
http://amigodolivro.blogspot.com/

Luana Feres - 12, dezembro 2011 às (22:13)

Assim como a Milena, aí em cima, Insaciável tá na minha lista de livros para ler e eu fico com medo de ler e querer que a parte esteja no livro, na hora, huahaua. É muito bobo da minha parte?
Enfim, adoro a Meg e espero ler esse livro em breve!

Beijos

Sora Seishin - 13, dezembro 2011 às (11:57)

Oi Aione!!
Adorei Insaciável! Não sabia que tinha cenas deletadas!!
Beijos,
Sora – Meu Jardim de Livros

Niii - 13, dezembro 2011 às (13:52)

quero ler esse livro o/
nem sabia que tinha cenas deletadas =0

bj

Andressa Tomaz - 13, dezembro 2011 às (15:37)

Oi Mi!
Comecei a ler as cenas, mas não entendi direito já que não li o livro. Resolvi parar pra não me confundir mais hauaua
Quero muito ler o livro!

Beijos!

Lucas Martins - 13, dezembro 2011 às (16:24)

Hmmmm, humor da Meg, mas não entendi muito, não. Rsrs.
Talvez entenda melhor quando ler o livro (que estou a ponto de comprar, deste o início do especial, rsrs)
Bjão, Mi!

✿ Nessinha✿ - 13, dezembro 2011 às (16:35)

Oi Mi!
Sabe, eu já achava este livro lindo demais, mas estes seus post, estão me deixando louca para ler este livro!! Estou super curiosa!!

Adoro este post!!
Bjinhs
http://diariodeincentivoaleitura.blogspot.com/

Alinne - 13, dezembro 2011 às (17:54)

Oi Mi.
Como não li o livro,somente li um pouco das cenas deletadas…Já falei que quero ler esse livro e esses posts do Especial Insaciável só estão me deixando mais curiosa ainda!
Beijos.
Books e Desenhos

Mari ♥ - 13, dezembro 2011 às (18:49)

Ah flor isso já é judiação hein hahahaha
Não vejo a hora de ler …
Essa capa é linda né?

Beijo
http://marifriend.blogspot.com/
@Storieandadvic

Nana - 13, dezembro 2011 às (19:54)

Ai nossa Meg, devereia ter deixado a cena do Alaric hunf haha
Coloque no próximo mesmo então.

Adoro a Leisha, super doida… Carla euri.

tenha uma ótima terça
beijos
Nana – Obsession Valley

Ana Ferreira - 14, dezembro 2011 às (19:15)

Mi,

Acho muito legal da parte do Breno disponibilizar essas traduções, ainda mais em tratando-se de Meg Cabot.

Assim como quase todo mundo, não li “Insaciável” e apenas dei uma olhada nos trechos. Achei o da Leisha muito divertido, apesar de não ter compreendido tudo.

Beijinhos,
Ana – Na Parede do Quarto

Eduarda Menezes - 20, dezembro 2011 às (03:59)

Mi, com certeza eu votaria para a Meg ter colocado essa cena do Alaric no livro, ele realmente é o máximo, mesmo sendo um pouco irritante as vezes! Espero que ela coloque mesmo no próximo!

Mas quanto a narrativa pelo ponto de vista da Leisha/Carla, concordo plenamente com a Meg por ter achado descartável para o livro, pois de fato o é! Tudo bem, é até interessante, mas nenhum pouco necessária e por vezes tediosa (na minha opinião)! Ainda bem que ela mudou!

Beijocas!

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