[Resenha] O amor não morreu — Ashley Poston - Minha Vida Literária
Minha Vida Literária
26

jun
2023

[Resenha] O amor não morreu — Ashley Poston

Florence Day não acredita mais no amor nem em finais felizes. O problema é que ela é a ghostwriter de uma famosa autora de romances e, desde um término de namoro traumático, não sabe mais como finalizar seu próximo livro. Como seguir em frente se, para Florence, o amor está morto?
Quando seu novo editor, um homem incrivelmente lindo de um metro e noventa, não aceita estender seu prazo de entrega, Florence se prepara para dar adeus à carreira. Mas, ao ser surpreendida pela notícia do falecimento do pai, seus planos mudam por completo, e ela decide voltar para casa depois de dez anos longe para ajudar a família no funeral.
Por muito tempo, ela fugiu da cidade que nunca a compreendeu. Embora sinta falta das noites quentes da Carolina do Sul, da sua família excêntrica e amorosa e da funerária do pai, ela não consegue ficar ali. Ao retornar, também parece que nada mudou na cidade. E ela odeia isso.
No entanto, antes de sair correndo, Florence precisa lidar com algumas assombrações que rondam sua vida. Literalmente. Parado na porta da frente da funerária, ela encontra um fantasma alto e irritantemente bonito como sempre, que parece tão confuso quanto ela.
O amor com certeza está morto… e agora, pelo visto, seu novo editor também. E o assunto inacabado que ainda o prende na Terra fará com que ela duvide de tudo o que sabia sobre histórias de amor.

 

Ficha Técnica: O amor não morreu

Título: O amor não morreu
Título original: The dead romantics
Autor: Ashley Poston
Tradução: Ana Rodrigues e Laura Pohl
Editora: Intrínseca
Número de Páginas: 416
Ano de Publicação: 2022
Skoob: Adicione
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O amor não morreu, de Ashley Poston e traduzido por Ana Rodrigues e Laura Pohl, reúne características que tornaram a leitura extremamente apaixonante em minha experiência: uma comédia romântica com excelente humor e referências literárias que não deixa de lado a sensibilidade e um toque sobrenatural.

 

A ideia de fazer parte do mundo editorial era muito romântica até que você se descobrisse no mundo editorial. Então, se tornava apenas outro tipo de inferno corporativo.

página 14

 

Florence é leitora e escritora de romances, mas não obteve sucesso com seu único livro publicado. Há alguns anos, ela trabalha como ghostwriter de uma das autoras do gênero mais renomadas, mas desde que passou por uma grande desilusão amorosa, não consegue terminar o último romance que foi paga para escrever. No mesmo dia que tem uma reunião frustrante com seu editor, Florence recebe a notícia de que seu pai morreu, e acaba precisando voltar para a cidade onde nasceu — e que há anos não visitava. Então, enquanto lida com o luto e os fantasmas do passado, é surpreendida pela visita de um fantasma inesperado: a alma de seu editor aparece para ela, indicando ter, com Florence, assuntos inacabados em vida…

Narrado em primeira pessoa por Florence, O amor não morreu me conquistou desde os primeiros parágrafos por conta da narrativa leve e divertida, que me manteve presa a uma gostosa leitura do início ao fim. A autora constrói ótimos diálogos, tem um excelente humor — presente desde a premissa, considerando-se que temos uma ghostwriter capaz de ver fantasmas — e, ao mesmo tempo, escreve passagens belíssimas, de extrema sensibilidade. Foram diversas as marcações que fiz de citações. 

 

Eu costumava descrever o luto como algo oco, uma enorme caverna vazia.

Só que eu estava errada.

O luto era o oposto. Era carregado, pesado e asfixiante, porque não era a ausência de tudo o que você perdeu — era o ápice de todas as coisas, o amor, a felicidade, os momentos difíceis, espremidos com força como uma bola enrolada de tricô.

página 137

 

Também, as personagens são cativantes e bem construídas. Florence sofre muito com seu passado, seja o vivido enquanto crescia na cidade natal, seja o mais recente, pelas tantas decepções que experimentou. A protagonista perdeu a crença no amor e duvida de tudo ligado a si mesma: não se acha uma boa escritora, por exemplo, e o fato de seus maiores sucessos serem assinados pelo nome de outra mulher apenas reforça suas inseguranças. Dessa maneira, a trajetória de Florence é bastante bonita e inspiradora, permeada também pela relação que ela tem com a família — um retrato que também adorei na história — e com a que ela desenvolve com Ben, seu editor. Aliás, o romance é daqueles de causar suspiros e apertos no peito, uma vez que passamos o tempo todo nos perguntando como ele pode dar certo, já que Ben é um fantasma. Não demorei a perceber o segredo da narrativa, mas isso não tirou em nada o impacto que a resolução da história me causou.

Sendo O amor não morreu um livro sobre livros, conta com excelentes e atuais referências literárias — o que causa um gostinho bom extra à leitura — e que Ashley Poston soube incluir na narrativa, aparecendo sempre de forma muito natural, sobretudo em diálogos. Também, o livro proporciona uma defesa ao gênero das histórias de amor, pontuando o quanto ainda existe de preconceito em relação a outros gêneros, mais valorizados. Como apaixonada por romances, esse certamente foi um ponto mais do que positivo em minha leitura.

 

Porque histórias de fantasmas são histórias de amor sobre o aqui e o além, sobre o agora e o quando, sobre lampejos de felicidade e momentos que continuam a ressoar muito depois do tempo das pessoas da Terra. São histórias que nos ensinam que o amor nunca é uma questão de tempo, mas de momento.

página 368

 

Em linhas gerais, finalizei a leitura de O amor não morreu completamente apaixonada. Me envolvi com as personagens, me encantei pela escrita de Ashley Poston e adorei tudo o que encontrei no livro. O toque sobrenatural acontece na medida exata para ser apenas um detalhe na história, e a autora acerta na mescla de humor e sensibilidade e acerta na abordagem do luto. Leitura mais do que indicada a fãs de romances em geral, e a quem curtiu o filme E se fosse verdade, estrelado por Reese Witherspoon e Mark Ruffalo.

 

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