[Resenha] Escola de contos eróticos para viúvas — Balli Kaur Jaswal - Minha Vida Literária
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21

out
2022

[Resenha] Escola de contos eróticos para viúvas — Balli Kaur Jaswal

Nikki, filha de imigrantes indianos, passou a maior parte de seus vinte e tantos anos distanciando-se da tradicional comunidade sikh em que nasceu, preferindo uma vida mais independente e, em outras palavras, ocidental. No entanto, após a morte repentina de seu pai, sua família acaba ficando com problemas financeiros. Sentindo-se na obrigação de ajudar a mãe e a irmã, Nikki encontra a oportunidade perfeita de um trabalho extra: dar aulas de escrita criativa em um centro comunitário no coração da comunidade punjabi, em Londres.
Quando chega lá, percebe que as viúvas sikh que serão suas alunas precisam primeiro aprender inglês para escrever pequenas cartas e ler placas… e não contos literários. Frustrada, Nikki duvida que seja apta a essa tarefa. Porém, ao notar uma das mulheres compartilhando um livro de contos eróticos com a turma, Nikki percebe que, por baixo de suas vestimentas brancas, suas alunas escondem uma enorme riqueza de fantasias e memórias. Logo, Nikki e as viúvas embarcam em uma jornada juntas, contando e escrevendo essas histórias que estavam guardadas dentro delas.

 

Ficha Técnica

Título: Escola de contos eróticos para viúvas
Título original: Erotic Stories for Punjabi Widows
Autor: Balli Kaur Jaswal
Tradução: Flávia Souto Maior
Editora: Essência
Número de Páginas: 304
Ano de Publicação: 2021
Skoob: Adicione
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Resenha: Escola de contos eróticos para viúvas

Escola de contos eróticos para viúvas é o terceiro romance de Balli Kaur Jaswal e o primeiro dela publicado no Brasil. Primeiramente enviado no clube de assinaturas TAG Inéditos, foi depois lançado pela editora Planeta, com tradução de Flávia Souto Maior.

Depois da morte do pai, a situação financeira da família de Nikki ficou mais difícil. Por isso, Nikki aceita dar aulas de escrita criativa para um grupo de viúvas punjabi, apesar de sempre ter buscado levar uma vida mais distante da comunidade sikh onde nasceu. Entretanto, quando as aulas começam, ela descobre que a tarefa será outra — e que as necessidades das mulheres daquele grupo são bastante diferentes do que supunha.

Em terceira pessoa, Escola de contos eróticos para viúvas traz principalmente a perspectiva de Nikki, mas também se alterna com o ponto de vista de outras personagens importantes na história. Com uma escrita leve e fluida, é fácil se envolver com a leitura, sobretudo por ela mesclar tão bem o humor com reflexões mais do que pertinentes.

Aspectos de língua e cultura são centrais aqui, e Balli Kaur Jaswal demonstra com maestria o quanto cada idioma está conectado com as crenças e modo de vida de um povo. Mais do que isso, demonstra o poder do ato de contar histórias para criar conexões e trabalhar questões internas de quem as conta. Em relação à cultura, há diferentes choques e perspectivas em questão, seja por Nikki buscar um modo de vida mais ocidentalizado e isso criar um atrito com a cultura punjabi mais tradicional, seja pela diferença geracional entre Nikki e as viúvas. O etarismo é também um importante tópico abordado, sobretudo pela protagonista partir de ideias pré-concebidas sobre as alunas, desconsiderando a individualidade e a subjetividade de cada uma.

O que também me surpreendeu em Escola de contos eróticos para viúvas é que, embora a história seja majoritariamente um romance divertido, traz, ainda, passagens envolvendo suspense e ação, conectadas a conflitos pessoais de determinadas personagens — conflitos esses que nada mais são do que desdobramentos dos temas gerais da obra, envolvendo aspectos culturais.

Vale dizer que alguns dos contos criados pelas viúvas aparecem ao longo da leitura. Essas passagens, mais do que trazer narrativas eróticas, estão completamente conectadas às necessidades das personagens que as contam, sendo também uma forma de entendê-las. Assim, adorei como Balli Kaur Jaswal criou Escola de contos eróticos para viúvas como um todo, seja pelo desenvolvimento do enredo e pela mescla narrativa, seja pelas diferentes reflexões proporcionadas. Foi uma leitura que me fez gargalhar em alguns momentos, assim como me emocionou em outros. Fica a recomendação!





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