Aos 35 anos, Nora Seed é uma mulher cheia de talentos e poucas conquistas. Arrependida das escolhas que fez no passado, ela vive se perguntando o que poderia ter acontecido caso tivesse vivido de maneira diferente. Após ser demitida e seu gato ser atropelado, Nora vê pouco sentido em sua existência e decide colocar um ponto final em tudo. Porém, quando se vê na Biblioteca da Meia-Noite, Nora ganha uma oportunidade única de viver todas as vidas que poderia ter vivido.
Neste lugar entre a vida e a morte, e graças à ajuda de uma velha amiga, Nora pode, finalmente, se mudar para a Austrália, reatar relacionamentos antigos – ou começar outros –, ser uma estrela do rock, uma glaciologista, uma nadadora olímpica… enfim, as opções são infinitas. Mas será que alguma dessas outras vidas é realmente melhor do que a que ela já tem?
Em A biblioteca da meia-noite, Nora Seed se vê exatamente na situação pela qual todos gostaríamos de poder passar: voltar no tempo e desfazer algo de que nos arrependemos. Diante dessa possibilidade, Nora faz um mergulho interior viajando pelos livros da Biblioteca da Meia-Noite até entender o que é verdadeiramente importante na vida e o que faz, de fato, com que ela valha a pena ser vivida.
Ficha Técnica: A Biblioteca da Meia-Noite
Título: A Biblioteca da Meia-Noite
Título original: The Midnight Library
Autor: Matt Haig
Tradução: Adriana Fidalgo
Editora: Bertrand Brasil
Número de Páginas: 308
Ano de Publicação: 2021
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Resenha escrita
A Biblioteca da Meia-Noite é o romance de Matt Haig vencedor do Prêmio Goodreads de Ficção de 2020. Publicado pela Bertrand Brasil e traduzido por Adriana Fidalgo, traz uma premissa original, com toques de fantasia, para trabalhar questões existenciais e saúde mental por meio de uma história completamente envolvente e emocionante.
Aos 35 anos, Nora decide tirar a própria vida. Apesar de ter sido uma adolescente cheia de talentos e com um futuro promissor, ela sente, agora, ter desperdiçado todas suas boas oportunidades, além de ter afastado as pessoas de sua vida. Quando seu gato morre e ela perde o emprego em seguida, Nora não vê motivos para continuar. Contudo, quando está entre a vida e a morte, ela acorda em um lugar chamado Biblioteca da Meia-Noite, que guarda livros contando as diferentes vidas que Nora poderia ter tido caso tivesse feito escolhas diferentes ao passar dos anos. É quando ela tem a oportunidade de rever seus arrependimentos e descobrir como sua vida seria, se tivesse a chance de voltar atrás.
A Biblioteca da Meia-Noite é daqueles livros que te fisgam na primeira página e, então, se tornam impossíveis de se deixar de lado — tanto que o li em apenas poucas horas. Em terceira pessoa, a narrativa acompanha a perspectiva de Nora e, por meio do discurso indireto livre, nos dá acesso aos seus pensamentos e sentimentos. Como os capítulos são curtos e a escrita de Matt Haig é ágil, a leitura se faz muito fluida, também pelo enredo em si cativar.
A premissa da misteriosa Biblioteca onde Nora acorda traz o elemento do desconhecido, que nos atrai por não sabermos o que esperar a partir dele — e essa atração é intensificada pelos capítulos serem nomeados, um recurso que também desperta a curiosidade. Além disso, as diferentes vidas que ela passa a experimentar deixam a trama dinâmica, justamente pela variedade de acontecimentos e situações. Contudo, o desenrolar dos acontecimentos bem como as escolhas de Nora não são exatamente surpreendentes, sendo possível adivinhar como será o final do livro — o que não diminuiu em nada minha experiência positiva com o livro.
Nora havia lido sobre multiversos e entendia um pouco de psicologia da gestalt. De como o cérebro humano absorve informações complexas sobre o mundo e as simplifica, de mogo que, quando uma pessoa olha para uma árvore, ela traduz a massa de folhas e ramos intrincadamente complexa nessa coisa chamada “árvore”. Ser humano é resumir o mundo continuamente em uma história compreensível que mantém as coisas simples.
página 163
Mas, para além de um enredo interessante e cativante, A Biblioteca da Meia-Noite entrega uma leitura extremamente sensível e com reflexões muito pertinentes. Nora sofre de depressão, ansiedade e ataques de pânico, questões de saúde mental muito bem abordadas. Matt Haig é também o autor de Razões para continuar vivo, best-seller de não-ficção no qual narra sua luta contra a depressão. O fato de ter passado por isso fez com que o quadro de Nora fosse bem caracterizado, sem que sua situação fosse subestimada ou retratada de maneira caricata.
Ainda, as questões existenciais de Nora são muito comuns e fáceis de proporcionar identificação, porque a maioria de nós, de uma forma ou de outra, sente o mesmo em determinado momento da vida. Com um toque filosófico, parte da formação profissional da protagonista, A Biblioteca da Meia-Noite discorre sobre arrependimentos, segundas-chances e o sentido de se estar vivo. Ao falar das dores e alegrias presentes em cada jornada, Matt Haig proporciona um olhar acolhedor e reconfortante sobre o ato de viver — e que, também, pode ser bastante inspirador.
Estava com altas expectativas sobre A Biblioteca da Meia-Noite por conta dos muitos comentários positivos que o livro suscitou desde seu lançamento — e ele não me desapontou em nada. Ao contrário, me proporcionou uma das leituras mais gostosas e envolventes que fiz nos últimos tempos, repleta de emoções e ensinamentos. Muito do que Matt Haig aborda já é o que eu mesma penso, então foi como se a obra não só validasse minhas crenças, mas também me desse o gostoso conforto da identificação. Mesmo assim, finalizei o livro me sentindo inspirada e com uma perspectiva diferente sobre pontos que, talvez, eu ainda não tivesse compreendido em minha vida. É com certeza uma história que vou guardar no coração e seguir recomendando, para que ela possa beneficiar ainda outras pessoas.