Título: Especial – Ryan O’Connell
Título original: I’m special (and other lies we tell ourselves)
Autor: Ryan O’Connell
Tradução: Adriana Fidalgo
Editora: Record
Número de Páginas: 223
Ano de Publicação: 2019
Skoob: Adicione
Compare e Compre: Amazon ♥ Americanas ♥ Saraiva ♥ Submarino
O livro que deu origem à série Special, da Netflix.
Como se os desafios de ser um jovem gay com paralisia cerebral não fossem o bastante, Ryan O’Connell viveu todos os clichês de um Millennial. Ele passou a segunda década de sua vida estagiando para divas delirantes, engolindo todos os remédios que conseguia encontrar pelo caminho e tentando achar o amor verdadeiro — coff coff — no Grindr. Mas depois de tanta tentativa e erro, Ryan pode dizer, com propriedade, que mancou elegantemente todo o caminho para a vida adulta. Especial, seu (hilário) relato autobiográfico, é uma reflexão sobre o mundo cruel que espera jovens de vinte e poucos anos superprotegidos pelos pais e uma lição de como encontrar a si mesmo em meio às disputas por likes e seguidores.
Especial é o livro de estreia de Ryan O’Connell, um escritor e profissional emotivo que trabalhou como redator da série Awkward da MTV. Uma obra para fazer você entender que não deve ser a pessoa que o mundo deseja, mas aquela que descobriu em si quem de fato é.
A autobiografia do autor desmembra suas três décadas de vida, contando como é ser um homem homossexual e com Paralisia Cerebral, além de trazer de forma bem-humorada seus medos, descobertas, conquistas e muitas críticas, seja para si mesmo ou para os leitores que, assim como ele, são Millenials: jovens direcionados a acreditar que podem ser o que quiserem, vivendo a vida como alguém especial. Ryan trabalha essa ideia com passagens cheias de humor, sarcasmo e pitadas de advertência, de forma a nos levar a analisar nós mesmos diante da velocidade ao qual somos ligados à tecnologia e a suas ações transformadoras.
Passaremos pelos estágios mais loucos, com chefes excêntricos e que fazem a gente realmente pensar se o valor que recebemos de salário é suficiente para suportá-los; paixonites e descobertas sexuais, as expectativas que elas impõem na visão de ideal. É um livro escrito para se manter em uma conversa constante com o leitor, apresentando um jovem que, apesar das limitações — as dificuldades na coordenação motora —, se faz ativo, com energia para discutir as críticas à própria geração, para mexer em aplicativos de namoro, para beber (e muito), para demonstrar como é difícil quebrar a cara e perceber amizades tóxicas. São páginas trazendo temas de vivência e convivência que se enquadra bem em muitos lares.
Nas pouco mais de 200 páginas, vemos a sua sinceridade — uma característica predominante nele — ao abordar de forma desbocada pontos da própria sexualidade. É interessante ressaltar que, se analisarmos como ele aborda a vida sexual, conseguimos concluir como a sociedade ainda se mantêm engessada. Não é uma literatura que todos gostariam de ler, mas é uma que se faz necessária para que jovens descubram e comentem sobre situações, desejos, amores, relações sexuais, que sexualidade é falar sobre si mesmo.
Em outra abordagem, revivendo a proteção quase doentia dentro do seu meio familiar, Ryan comenta sobre o fato dele ter escapado da morte, seu nascimento e cuidados posteriores, a vigilância intensa da mãe batendo de frente com a ideia oposta do pai sobre a criação e possibilidades do que ele pode ou não fazer. É uma crítica social complexa, vivendo em um garoto inseguro, sedento por aventuras, que tem com base em suas vivências a visão generalizada sobre todos os jovens nascidos após o início da década de 1980.
Pessoalmente, eu não gostei do livro. Sei que a ideia no cerne é interessante, visto que se manifesta através das experiências de Ryan, de sua homossexualidade, da Paralisia Cerebral. É uma forma de criticar o seu passado, de confiar mais em si mesmo, de alguém mais velho analisando o que foi e pelo que passou. Nós fazemos muito isso, somos nossos próprios críticos. O que me incomoda, sendo uma “Millennial”, foi a falta de identificação conforme ele aponta coisas que, na visão dele, é padrão para alguém nascido da época. Acho que isso o torna um dono de uma verdade que não existe.
Resumindo, acredito que Especial possui temas relevantes, interessantes e que devem ser discutidos com mais frequência no âmbito social, apesar de eu não ter me identificado no que tange às supostas características da minha geração. Pelos pontos positivos, não descarto a experiência de leitura, foi algo que agregou ao seu modo, mas que não vai estar marcado na minha memória.
Achei a capa linda, mas apesar de tudo, achei o tema muito triste, principalmente quando se trata de algo que o autor viveu. Conheço amigas que amam drama e vão amar…eu já prefiro algo mais “ficcional” rsrs. Bjus,excelente resenha.