Título: Contato de Emergência
Título original: Emergency Contact
Autor: Mary H.K. Choi
Tradução: Ana Rodrigues
Editora: Intrínseca
Número de Páginas: 336
Ano de Publicação: 2019
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Essa é a história de Penny e Sam.
Ela tem dezoito anos e acabou de sair de casa rumo à universidade. Longe da mãe expansiva e do namorado sem graça, vai finalmente se dedicar ao sonho de ser escritora. Só não contava que essa nova vida traria também novos obstáculos: pessoas, o maior pesadelo de qualquer introvertido.
Ele, por sua vez, está perdido na vida. Em todos os níveis. Aos vinte e um anos, os poucos dólares na conta, a mãe alcoólatra e a ex-namorada complicada não o ajudam a se manter são. Só lhe resta fazer os doces mais mirabolantes para o café onde trabalha (e mora), concluir sua faculdade a distância e tentar (sem muito sucesso) não surtar.
Por um acaso do destino — também conhecido como um ataque de pânico no meio da rua —, eles passam a trocar mensagens de texto inofensivas. Mas o que começa como um simples contato de emergência salvo no celular se torna a conexão mais importante da vida deles.
Aos poucos, esses jovens introvertidos e problemáticos se tornam dois amigos dividindo angústias, sonhos, piadas e inspirações. Duas pessoas que quase nunca se veem, mas que estão juntas o tempo inteiro. Dois solitários que, finalmente, não estão mais sozinhos.
Com perspicácia, humor e grande sensibilidade, a estreante Mary H. K. Choi traça o retrato de uma geração cujos relacionamentos se entrelaçam à evolução tecnológica. Uma história capaz de causar nos leitores o frio na barriga que só as melhores comédias românticas podem proporcionar.
É por causa de um ataque de pânico que essa história começa, mas é pela descoberta de uma amizade que vale à pena lê-la. Contato de Emergência, o livro de estreia da autora Mary H. K. Choi, detalha o sofrimento de quem sabe que qualquer fagulha pode causar um incêndio.
Intercalado entre a visão de Penny e Sam, vamos acompanhar esses dois jovens em um momento crucial deles: a tão esperada faculdade. Sam desistiu do sonho de ser documentarista e trabalha/mora em uma cafeteria onde faz os doces. Um rapaz reservado, apaixonado e que possui um sofrimento profundo ligado principalmente às mulheres da sua vida. Já Penny, cuja vida social é de zero a nula, precisa enfrentar o medo de confiar e se relacionar com pessoas enquanto cursa a faculdade para se tornar escritora.
Em um momento de sensibilidade a amizade deles começa. Quando Sam descobre da pior forma possível o que é um ataque de pânico, Penny o resgata, salvando-o de um dos mais difíceis momentos da sua vida. Inicialmente, como um contato de emergência. Depois, entre trocas de mensagens que só eles conseguem compreender, algo incontestável surge. Eles provavelmente foram feitos um para o outro, mas estragar essa amizade virtual não é algo que querem no momento.
Existem duas coisas que gosto muito nesse livro e uma delas tem relação com minha carreira de escritora. Não temos apenas uma Penny afirmando ir para o curso de escrita, mas temos seu processo criativo inteiro de um conto que, apesar dela não perceber, reflete muito a situação com sua mãe. Temos vários capítulos dela com a professora de escrita, uma renomada escritora, aliás. Outros com ela tentando produzir e encaixar as vozes de seus personagens na história. E é interessante que durante a leitura desses momentos, senti o ar de inspiração chegar em mim, e não tem nada mais prazeroso do que isso.
A segunda coisa é que os temas abordados vão além do ataque de pânico. Existe conflitos entre filhos, situações constrangedoras, problemas reais e que estão longe de serem solucionados com facilidade. Inclusive, passei muito tempo da minha vida evitando pessoas simplesmente por acreditar que era no mínimo estranho manter contato com elas. Fosse pelo que fosse, esse sentimento sempre me atrapalhou, pois perdi muita gente bacana que ainda poderia estar no meu mundinho e, quem sabe, ser o meu contato de emergência. Foi bom ler alguém fazendo o mesmo, pois me abriu os olhos para algo que eu estava perdendo.
Não posso deixar de citar as fantásticas situações em que pessoas estavam usando o telefone enquanto fazem o número 2. O que é isso, produção!
Brincadeiras à parte, acredito que Contato de Emergência não é um livro para todos os públicos e dificilmente vai agradar todo mundo. Acredito que alguém na mesma idade ou talvez mais nova do que a Penny teria tido mais prazer na leitura do que eu. E, não, isso não quer dizer que é ruim. É um livro forrado de conteúdo, cheio de reviravoltas, de problemas de autoconfiança que a gente tem de sobra. A proposta é boa, original, dá para sentir toda a intencionalidade da autora ao longo da escrita.
Problemas são problemas. Acontece com todo mundo e ter alguém em quem se apoiar, para quem contar as coisas, é a pegada do livro. É o que faz dele tão bom.
Francine!
Bom ver que o ataque de pânico é relevante no livro e ainda mais relevante a questão da amizade que pode chegar a curar.
Bom ver que o recurso narrativo é eficiente e que os temas abordados são de grande importÂncia.
Achei interessante a protagonista ser asiática e gostaria de acompanhar toda essa história com a mãe e como tenta resolver seus familiares.
cheirinhos
Rudy