Oi, pessoal! O Livros na Telona de hoje será um pouco diferente. Explicando: normalmente, leio o livro, assisto ao filme e venho aqui narrar para vocês minha experiência com ambos. Contudo, dessa vez, eu apenas assisti à adaptação de Uma Longa Jornada Para Casa e a Clívia quem o leu. Assim, vocês terão as impressões dela sobre o livro e as minhas sobre o filme, ok?
Sobre o Livro – por Clívia Lira
Título: Uma Longa Jornada Para Casa
Autor: Saroo Brierley
Editora: Record
Número de Páginas: 229
Ano de Publicação: 2017
Skoob: Adicione
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Uma Longa Jornada Para Casa é a história autobiográfica de Saroo Brierley que deu origem ao filme Lion: Uma Jornada Para Casa, o qual concorreu ao Oscar esse ano.
Imaginem uma criança que aos 5 anos se perde, entra em um trem e acaba ficando sozinho e sem rumo nas ruas de uma cidade estranha. É desesperador e muito angustiante, não é mesmo? Foi o que ocorreu com Saroo, que felizmente teve a sorte de ser adotado por uma nova família. Mas, com o passar do tempo, ele começou a se perguntar sobre sua família de origem e o que teria ocorrido com todos depois do seu desaparecimento. Foi quando começou, então, sua jornada.
O livro é dividido em 13 capítulos que narram, pela voz de Saroo, suas diferentes fases de vida, vivências e dificuldades. A linguagem é simples e direta, sendo, portanto, de fácil compreensão. O autor relata suas experiências detalhadamente, expondo seus medos, angústias e suas decisões durante a vida, até mesmo quando era apenas uma criança.
Apesar de o livro conter uma história de vida repleta de dificuldades e superações e da narrativa ser bastante acessível e clara, não me envolvi suficientemente bem com o enredo do modo como esperava, talvez justamente pela forma bastante direta como foi escrito. Acabei fazendo uma leitura um pouco mais arrastada, mesmo o livro sendo curto; porém, isso vai variar de cada leitor e de suas expectativas em relação ao livro.
Uma característica muito relevante dessa leitura é a carga de diferenças culturais que ela possui, sem falar nas lições de vida que podemos tirar dela. Afinal, em meio às adversidades, Saroo guiou-se pela esperança em busca do seu caminho.
Não poderia deixar de mencionar também o capricho dessa edição que está muito bonita e atrativa. No final do livro, encontramos várias fotos que ilustram algumas fases importantes da vida de Saroo e nos fornece uma dose extra de informações.
Se você deseja ler o relato de alguém que superou inúmeras barreiras e que escreveu de modo sincero e categórico sua trajetória, essa é uma boa escolha. No entanto, se assim como eu você prefere livros autobiográficos que causem sensações de euforia e emoções diferenciadas ao longo da leitura, talvez não deva esperar tanto de Uma Longa Jornada Para Casa.
Sobre o Filme – por Aione Simões
Quando se trata de transpor autobiografias para o cinema, não é raro que a adaptação acabe por sair mais emocionante do que o livro em si – ao menos em minha experiência. Afinal, além do gênero literário ter certo caráter documental, ocasionalmente afastando-se de uma narrativa mais emotiva, os próprios autobiografados, muitas vezes, não são escritores, de forma que a preocupação concentra-se mais em registrar os fatos de sua vida do que em recursos estilísticos. É diferente ler uma narrativa biográfica da de um romance, por exemplo. Contudo, em se tratando de filmes, a não ser que o formato de adaptação seja um documentário, é necessário contar a história da mesma maneira que uma ficcional seria contada: causando empatia, emoções e envolvendo quem está assistindo para que o filme cause impacto.
Esse parece ser o caso de Uma Longa Jornada Para Casa, considerando que minha experiência e a da Clívia com as diferentes mídias foi completamente oposta. Se, para ela, o livro deixou a desejar no quesito “sensibilidade”, o filme transborda nesse aspecto – bem como nossos olhos e corações.
O filme já começa causando impacto por sua contextualização. Para quem, como eu, está acostumado às produções hollywoodianas, ter uma região tão afastada da Índia como cenário, bem como o idioma como língua, certamente se sentirá ao menos um pouco impressionado. São hábitos e situações extremamente distintas de uma realidade ocidental como a minha, ainda que as desigualdades sociais e circunstâncias de extrema pobreza não sejam assim desconhecidas de nosso país. De qualquer maneira, a trajetória do pequeno Saroo, de quando se perde até ser adotado, é, no mínimo, extremamente angustiante, intensificada por sua pouca idade.
Se a primeira angústia do filme se dá com a perda do garoto, outra toma lugar mesmo quando o contexto passa a ser mais próximo e o idioma, o inglês: a busca de Saroo por sua casa. O filme soube muito bem como retratar sua pesquisa incessante e os anseios que acompanharam o já então adulto indiano, adotado por um casal australiano. Ficamos na expectativa com ele, e compartilhamos de suas emoções, bem como a de seus pais, sofrendo pela distância inexplicada do filho e pelos transtornos do outro, também adotado.
Mas é no final que se torna quase impossível não se emocionar. Há um misto de delicadeza, intensidade e expectativa na abordagem das cenas, elevando ao máximo a sensibilidade de quem assiste. Chorei de soluçar no cinema, e, ao final, apenas ouvia as diversas fungadas dos demais presentes na sala.
É importante dizer, também, a importância do filme ter cenas gravadas nos locais da região de origem de Saroo. Durante os créditos, há a aparição de imagens reais do local e familiares, bem como de fotos da infância do garoto com os pais adotivos, e as cenas do filme são quase que idênticas às originais, o que inegavelmente aumenta a sensação de proximidade e realidade do que foi assistido.
Saí do cinema curiosa pela leitura de Uma Longa Jornada Para Casa no sentido de conhecer a história com mais detalhes – aquela curiosidade natural de quando gostamos de algo ou alguém e desejamos conhecê-lo mais e mais. Assim, talvez, não estranhasse a pouca sensibilidade da escrita; afinal, o filme em si já foi um banho de intensidade emocional. Contudo, para quem procura primeiramente o livro, buscando esse mesmo caráter comovente, a leitura pode decepcionar, considerando-se a própria experiência da Clívia. Talvez, aqui, o ideal seja conhecer primeiramente a jornada de Saroo pela comovente encenação de Dev Patel para, depois, se aprofundar com mais detalhes na narrativa referencial de Saroo Brierley.
Assista ao Trailer!
Ainda não li o livro e nem assisti ao filme, e confesso que despertou mais interesse quando fiquei sabendo mais a respeito da historia , e quem não se emociona por uma historia assim? adorei as fotos e a sinceridade do autor ainda pretendo ler em breve.
Até mais!!!