[Resenha] Dexter está morto - Jeff Lindsay - Minha Vida Literária
Minha Vida Literária
18

maio
2016

[Resenha] Dexter está morto – Jeff Lindsay

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Título: Dexter está morto
Autor: Jeff Lindsay
Editora: Planeta
Número de Páginas: 320
Ano de Publicação: 2015
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Neste oitavo e último livro da cultuada saga do justiceiro – que inspirou a série de TV homônima –, a tensão e o suspense não dão descanso. Nem a morte. Depois de sete livros, a saga do analista forense da Polícia de Miami, Dexter Morgan, chega ao fim. E a última história desse serial killer, que só mata os bandidos – nunca os mocinhos –, não começa nada bem. Ele está preso sob a acusação de duplo assassinato, incluindo o de sua mulher, Rita – crime que, por incrível que possa parecer, desta vez ele não cometeu –, e de pedofilia. Para se livrar das grades e limpar sua ficha policial, ele terá a ajuda de Brian, seu irmão, que contrata um competente advogado para tirá-lo da cadeia. No entanto, livre para investigar o que andam tramando contra ele, Dexter se mete em confusões mais complexas e que podem custar-lhe a vida. Terá Jeff Lindsay a coragem de matar seu mais promissor e querido personagem? Abra este livro e descubra.

Conheci Dexter por meio da série de TV – uma das minhas favoritas, sem dúvida alguma -, e, dessa maneira, nutri o desejo de ler os livros que a inspiraram. Acabei começando, de maneira incomum, por Dexter está morto, oitavo e último livro da série de Jeff Lindsay, e consegui estabelecer algumas percepções sobre a leitura, ao mesmo tempo em que fiz a inevitável comparação com o seriado, protagonizado por Michael C. Hall.

Para quem não conhece os livros ou a série de TV, uma rápida contextualização: Dexter é perito forense da polícia de Miami, e um funcionário exemplar – um verdadeiro nerd de laboratório. Contudo, por trás de sua aparência de bom moço, ele esconde sua verdadeira face. Ele é, também, um serial killer. Adotado ainda criança pela família Morgan, foi instruído por Harry, seu pai adotivo e também policial, a somente matar assassinos e a jamais ser pego, escondendo toda e qualquer evidência, após Harry ter percebido que Dexter tinha em si esse lado sombrio, que jamais o deixaria.

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O livro começa com Dexter preso, já que foi injustamente condenado por um crime que, dessa vez, ele não cometeu. Contudo, sua inocência é a única coisa que depõe a seu favor, uma vez que todas as evidências apontam para ele ter sido o culpado. É quando ele se vê contando com a última pessoa que imaginou um dia poder ajudá-lo, sem saber que, com a ajuda, muitos outros problemas estariam prestes a surgir.

O que chamou minha atenção desde o início foi a narrativa em primeira pessoa, pela voz de Dexter. Não apenas a escrita de Jeff Lindsay é extremamente fluida, envolvente e bem construída, com passagens que, inclusive, beiram o poético, como também há uma carga gigantesca de ironia, própria de Dexter, a qual se aproxima até mesmo do humor. Assim, a leitura diversas vezes assume um ar mais leve e divertido, mesmo que a contextualização do livro esteja distante disso.

O Dexter da série de TV se vê por diversas vezes em meio a crises existenciais, sem entender sua própria essência. É acompanhado por seu Passageiro Sombrio, mas, em mais de um momento, é capaz de se enxergar como alguém mais próximo de um lado bom do que perverso. Ele é a síntese da dualidade, incapaz de sentir e, ao mesmo tempo, tomado por inesperados momentos de sensações. Pude perceber um pouco dessa complexidade e ambiguidade no Dexter de Jeff Lindsay, mas em menores proporções. É como se esse, dos livros, assumisse com mais propriedade sua condição de psicopata, mesmo que pautado dentro do rigorosíssimo código de conduta de Harry e fosse pouco afetado por quaisquer indícios de consciência, empatia ou demais sentimentos, típicos de pessoas normais. Porém, vale lembrar que essa foi a minha percepção do Dexter de Dexter está morto, e que perdi toda a evolução do personagem trabalhada pelo autor ao longo dos livros.

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Um dos principais motivos para eu adorar a série, além da complexidade existente em seu protagonista, é o fato dela trazer casos policiais, investigados pela polícia de Miami – e paralelamente por Dexter, já que ele não resiste a uma justiça feita com as próprias mãos -, e, nesse ponto, acabei me decepcionando com essa leitura. Embora tenha sido ótimo embarcar na mente do personagem e ver como o autor construiu seus muitos fluxos de pensamentos, não há, na realidade, muito acontecendo na história. Há sim uma situação que precisa ser compreendida e resolvida, mas nada que ponha em prática, de fato, os dotes investigativos de Dexter. Diria que há mais cenas de ação no livro do que de suspense, e eu sempre prefiro a segunda à primeira.

Por fim, o próprio final foi, também, bastante decepcionante, ainda mais por ter sido o final da série. Senti que pontas ficaram soltas e que a emoção e o sentimento de conclusão estiveram muito aquém do esperado para o fim de uma saga. Inclusive, o final foi bem mais decepcionante do que o da própria série de TV (que me deixou pensando nele por dias e, até hoje, me causa um aperto no peito ao pensar no desenrolar dos fatos. Sério!).

Dessa maneira, ainda que eu não tenha lido os volumes anteriores, consegui ler Dexter está morto por estar bastante familiarizada com a série adaptada dos livros. Há sim, pelo que pude perceber, diferenças significativas entre ambas, tanto no que se refere à presença ou ausência de personagens, quanto no desenvolvimento das tramas em si, mas Jeff Lindsay trouxe, nesse livro, os elementos necessários para que a situação atual do personagem seja compreendida – o que possibilitou minha leitura. Acho bom ressaltar, entretanto, que a quem não leu os livros e também não assistiu aos episódios é recomendado seguir a ordem correta de leitura, ao invés de fazer como eu fiz.

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De modo geral, gostei extremamente da narrativa e me sinto impelida a, ao menos, ler Dexter: A Mão Esquerda de Deus, livro de estreia da saga, tanto para conhecer melhor a construção do personagem quanto para encontrar os elementos dos quais senti falta no último livro – até porque sei que a primeira temporada é mais próxima dos acontecimentos do primeiro, e ela é uma das minhas favoritas da série. Ainda assim, por mais que eu decida por ler todos os volumes, sinto que farei a leitura de forma mais desprendida e com menores expectativas, considerando-se que já sei como tudo terminará. E, mesmo sem nunca ter gostado de spoilers, sinto que aqui isso será positivo, porque não terei a mesma expectativa que eu criaria se lesse todos em ordem – e que seria certamente frustrada, considerando-se que mesmo agora já achei o final, infelizmente, decepcionante. De qualquer maneira, recomendo os livros e a série de TV aos fãs de thrillers policiais principalmente pela brilhante construção do personagem e do requinte presente na escrita de Jeff Lindsay, elementos, no mínimo, completamente favoráveis a qualquer obra.





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5 Respostas para "[Resenha] Dexter está morto – Jeff Lindsay"

rayane colomes - 18, maio 2016 às (10:08)

ah fiquei mto triste de saber que dexter nao poe mto seu lado assassino e vingativo de fazer justiça com as proprias maos neste livro. estava botando tanta expectativa. espero que a serie nao tenha acabo! espro que jeff lindsay decida escrever mto mais livros :/

Maria Alves - 18, maio 2016 às (13:57)

Não assisti a série e nem li os livros ainda, quero assistir dizem que é muito boa e como gosto de thrillers policiais não posso ficar de fora kkk. Interessante o personagem por um lado é da policia e por outro um serial killer mesmo que esteja fazendo justiça não deixa de ser intrigante essa vida que ele leva.

Micheli Pegoraro - 27, maio 2016 às (14:25)

Olá Aione,
Acredita que ainda não assisti a série? Preciso corrigir isso, pois tenho muitos conhecidos que são fãs e falam tão bem da série. Quanto aos livros, já pensei em ler, mas acho que nesse caso prefiro assistir antes de ler hahaha. Como estou me tornando uma fã de thrillers policiais, acho que vou gostar (e muito) de Dexter, pois adoro acompanhar nos livros as investigações dos casos policiais. É uma pena que esse livro foi decepcionante, já que é a conclusão da série deveria ter um fechamento à altura dessa saga.
Beijos

Ludmila - 18, outubro 2018 às (14:58)

Vi toda a série e já li todos os livros: menos o último (Dexter está morto). Confesso que ainda não li por medo do final, por medo do final do livro (que eu julgo ser ainda mais profundo e complexo que a série) me decepcionar como o fim da série. Recomendo quem não leu os livros ler todos, a construções do personagem, as ironias, o humor negro…vc realmente sente que está dentro da cabeça dele, e passa a enxergar o mundo de uma outra forma. Depois que ler o último falo o que achei 🙂

Iceman - 20, junho 2022 às (22:01)

O último livro é irretocável.
A autora da resenha se decepcionou porque só leu o último livro, que, na verdade, é a continuação direta do penúltimo, já que Dexter deve lidar com as consequências das decisões tomadas no livro anterior.
A propósito, a resenha contém uma série de incorreções. Dexter não foi condenado, ele foi acusado de ter cometido os crimes e preso preventivamente. Também não existiam evidências, elas foram forjadas.
Gostei muito mais do Dexter literário porque ele é um verdadeiro psicopata, diferente daquele bobalhão sentimentaloide da série.
A prosa leve e bem humorada reflete exatamente a personalidade do protagonista, ou seja, alguém que comete atrocidades e não sente o menor remorso ou culpa. Como é narrado em primeira pessoa, faz todo sentido que seja daquela forma, porque ele se sente bem com o que faz. Para Dexter, assassinar alguém é tão relaxante e prazeroso quanto uma sessão de massagem para pessoas normais.
O livro deixa muito claro que Dexter não sente qualquer culpa ou remorso, tanto que o casamento, como ele mesmo admite várias vezes, é apenas uma fachada para permitir que ele se misture aos seres humanos. Por isso mesmo não sente um pingo de culpa por trocar a esposa por uma mulher rica e abandonar os filhos.
A morte dele, aliás, foi excelente e contextualizada, principalmente porque ele morreu como um psicopata, não teve redenção, ele não encontrou a luz e nem teve um arroubo de arrependimento.

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