[Resenha] A Cadeira da Sereia - Sue Monk Kidd - Minha Vida Literária
Minha Vida Literária
29

abr
2016

[Resenha] A Cadeira da Sereia – Sue Monk Kidd

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Título: A Cadeira da Sereia
Título original: The mermaid chair
Autor: Sue Monk Kidd
Tradução: Thereza Christina Rocque da Motta
Editora: Paralela
Número de Páginas: 248
Ano de Publicação: 2016
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Uma história comovente da autora do best-seller “A Vida Secreta das Abelhas”. Na abadia de santa Senara, cujo nome se originava de uma santa celta que fora uma sereia antes de ser convertida, existe uma cadeira encantada. Reza a lenda que quem tomasse o assento e fizer um pedido a Senara, será ouvido. Quando Jessie Sullivan precisa retornar à ilha para cuidar da sua mãe, deixando seu marido, Hugh, para trás, ela é forçada a encarar uma série e dúvidas sobre seu casamento. Apesar do amor cordial que sente pelo marido, ela se sente atraída pelo Irmão Thomas, um monge prestes a tomar seus votos solenes. Em meio ao mistério e os poderes da “santa Pecadora”, ela luta contra os desejos que parecem tomar conta de sua vida. Enquanto a liberdade que a ilha inspira parece falar com Jessie, seria ela capaz de deixar de lado a responsabilidade e o conforto do lar que criou ao lado de Hugh? Uma história comovente sobre a espiritualidade e as escolhas que precisamos fazer.

A Cadeira da Sereia foi o segundo romance publicado de Sue Monk Kidd e lá fora alcançou a primeira posição na lista dos mais vendidos do New York Times. O seu primeiro romance foi o famoso A Vida Secreta das Abelhas, e o mais recente, A Invenção das Asas, ambos publicados pela Editora Paralela e resenhados aqui no blog.

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Nesse livro temos a história de Jessie Sullivan, uma mulher de 42 anos, casada com o psiquiatra Hugh, mãe de Dee e imersa num quotidiano monótono e num casamento que, apesar de ser seu porto seguro, caiu numa rotina que a fez perder de vista um pouco da sua essência. Cresceu na pequena ilha de Garça, localizada na Costa da Carolina do Sul e por causa da sua mãe, que ainda mora lá e que está passando por uma situação muito delicada, Jessie se vê obrigada a voltar ao local onde nasceu. E é justamente lá nessa ilha que muitas coisas vão acontecer, algumas relacionadas aos fantasmas do passado que permeiam a vida de Jessie e da sua família, e outras relativas ao rumo da sua vida depois desse retorno.

Além de todas essas questões familiares e pessoais, a história possui um certo debate em torno da espiritualidade e misticismo; na medida em que os fatos se desenvolvem, eles vão se relacionando também com os mistérios em torno da ilha. A principal lenda local refere-se a uma misteriosa cadeira com braços entalhados na forma de duas sereias aladas que fica na abadia de santa Senara e foi esculpida em homenagem a Assinora, uma sereia celta que foi forçada a se converter, e, segundo os habitantes do lugar, essa cadeira é capaz de realizar desejos.

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Um dos pontos centrais da história, a meu ver, é o quanto essa viagem significou para a personagem principal em termos de renovação da sua própria vida. É como se a partir dela Jessie tivesse se dado uma oportunidade de se redescobrir. Se por um lado, achei interessante essa redescoberta da personagem, por outro, achei que ela poderia ter encarado algumas questões de frente e não fugir delas, como me pareceu que ela fez, principalmente no que se refere ao seu casamento. Ao se envolver com o irmão Thomas, um monge de 44 anos prestes a fazer seus votos definitivos, mas ainda imerso em incertezas, Jessie acaba transferindo para esse relacionamento todas as suas expectativas de uma vida melhor sem momentaneamente pensar nas consequências. Com isso, ocorre uma mistura de desejos, pensamentos e decisões que parecem andar de mãos dadas à transformação que ela sofre internamente.

A narrativa em primeira pessoa nos faz entender um pouco melhor a Jessie, ao tempo em que nos faz também discordar de forma mais drástica de algumas das suas atitudes, porém essa sintonia que é possível de ser construída com a personagem é que nos impulsiona a querer descobrir por quais caminhos ela decidirá. Em alguns momentos, em terceira pessoa, sabemos um pouco mais sobre o irmão Thomas e também sobre Hugh.

A escrita da autora muito me agrada, pois é repleta de reflexões, de frases que nos fazem pegar um bloco de anotações e registrá-las de tão profundas e bonitas. Além disso, ela levanta questões pertencentes à natureza humana como: nossas fraquezas, nossos sonhos, o sentido das nossas vidas. É tudo muito real e ao mesmo tempo permeado de pequenos segredos que dão uma pitada de mistério e nos atiça a curiosidade.

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Enfim, o livro atendeu as minhas expectativas e diria que as superou. Consegui manter um diálogo com a narrativa questionando alguns acontecimentos, me chateando com algumas atitudes, me alegrando ou entristecendo com outras e me surpreendendo com muitas. Esse tipo de livro que me faz ter sentimentos diversos ao longo da narrativa geralmente é o que mais se torna marcante para mim e me faz pensar que, mesmo que eu não concorde com algumas coisas, tudo o que foi posto ali me deixou muitas reflexões sobre o sentido da vida e das decisões que tomamos ao longo dela.





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4 Respostas para "[Resenha] A Cadeira da Sereia – Sue Monk Kidd"

rayane colomes - 30, abril 2016 às (11:40)

tinha apenas visto a capa do livro e nao sabia sobre a narrativa. adorei a narrativa e sua resenha… acho que vou por na minha lista de quero ler. gostei de tratar de um certo misticismo e tudo mais..

Lara Cardoso - 30, abril 2016 às (12:32)

Fiquei super curiosa depois de ler a sua resenha. Conhecia a autora pelo livro A Vida Secreta das Abelhas, e sou apaixonada pela história. Ainda não conhecia esse livro sobre as Sereias ou a versão em telefilme, mas vou procurar, com certeza. Obrigada pela dica!

Micheli Pegoraro - 30, abril 2016 às (14:23)

Olá Clivia,
Não conhecia esse livro, mas o que você descreveu na resenha me chamou muito a atenção. Gosto de livros que tratam de questões familiares e fiquei intrigada quanto à história possuir um pouco de espiritualidade e misticismo. Como gostos de livros com várias reflexões (pelo jeito esse livro tem muitas frases bonitas), vou colocar na lista de desejados.
Beijos

THEREZA C R MOTTA - 06, março 2018 às (13:25)

Aione Simões, adorei descobrir sua resenha, mesmo com algum atraso, porque fui mencionar a minha tradução para esse livro em 2005 para a Ediouro e depois o relançamento pela Companhia das Letras em 2016, e vi que não há referência no seu blog a quem fez a tradução. Este livro me custou seis meses de trabalho e muita pesquisa, além de ter-me dedicado exclusivamente a ele até entregá-lo ao meu editor e amigo Pedro Almeida, que me encomendou a tradução justamente por eu ser escritora, além de tradutora. A tradução de “A vida secreta das abelhas” tinha encalhado por não ter uma tradução mais esmerada, então ele estava procurando alguém para traduzir este novo best-seller de Sue Monk Kidd que fosse escritora também. Infelizmente, o mau rendimento do livro anterior queimou a autora por aqui, mas nos EUA ela continuou fazendo sucesso. O livro é instigante como você bem notou, fiquei apaixonada por ele quando o traduzi e me esmerei para acertar os trocadilhos e histórias que têm no romance (basta ver o número de notas de rodapé), junto com um poema de Yeats que só acertei seis horas depois de ter entregue a tradução. Eu não tinha gostado do final, e quando fui dormir naquela noite (eu enviei o arquivo às 21h) às 3h da manhã, peguei justamente um livro na minha cabeceira de W. B. Yeats e abri por acaso no poema inteiro (do qual só um trecho está no romance) e aí me ocorreram as palavras e a rima dos dois versos finais. Levantei da cama e fiz a troca (o poema é citado duas vezes) e reenviei o arquivo pedindo para substituírem. Traduzir um romance é um ofício tão grande quanto o de escrevê-lo. Quem traduz, escreve um novo livro em sua língua, pois não foi escrito originalmente em português. Agradeço imensamente a atenção e espero que cite os tradutores dos livros estrangeiros lançados no Brasil daqui para frente. Entrei na mesma briga por causa de um livro de poemas de uma canadense de origem indiana Rupi Kaur, em que a resenhista também não cita a tradutora (que não era eu). É uma briga dia a dia. Denise Bottmann, excelente tradutora, sabe do que estou falando. Gracias.
PS. Foi o mesmo editor que me deu, meses depois, “Marley & Eu” para traduzir. Hoje ele tem sua própria editora, a Faro Editorial. Baci.

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