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Título: Odalisca
Autor: Yuri Belov
Editora: Novo Século
Número de Páginas: 567
Ano de Publicação: 2015
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Roxane era a garota ideal: pertencente a uma rica família, era jovem, linda, meiga e culta.
Tudo isso não passava de uma máscara. Seu lado obscuro a fazia procurar por amores proibidos, paixões violentas e rituais macabros.
Seus amantes, em geral, eram encontrados na internet, onde ela se apresentava com o nick de Odalisca, pois era exímia dançarina do ventre. Sentia-se atraída por homens bem mais velhos que ela. É nessa teia que cai Siegfried, um engenheiro de cargo elevado que trabalha na empresa da família de Roxane. Ele se deixou envolver e sequer imaginou as desastrosas consequências disso.
Odalisca, de Yuri Belov, chamou minha atenção à primeira vista: sua sinopse, instigante, pouco revela da trama, ao passo que sua capa, aliada às diversas imagens encontradas ao longo da obra, a tornam ainda mais atrativa. Não demorei a perceber que as primeiras impressões transmitidas pelo livro seriam tão misteriosas quanto a sedutora protagonista, Roxane.
Roxane é uma jovem da alta sociedade, extremamente bela e inteligente, de personalidade praticamente dupla: enquanto, para os familiares e amigos, sua vida é pacata e marcada pela ausência de namoros, secretamente ela está sempre envolvida em paixões intensas e, muitas vezes, ilícitas, as quais, inclusive, são capazes de levá-la por caminhos até mesmo obscuros. Devido a sua predileção por homens mais velhos e seu desejo constante de novas conquistas, ela acaba por se envolver com Sigfried, engenheiro que trabalha na empresa de sua família e que comete o erro de se apaixonar por ela, de forma a ter sua vida completamente impactada a partir dessa falha.
Yuri Belov soube como atiçar a curiosidade do leitor logo no início da obra: o prólogo revela um grande acontecimento, sem explicá-lo, e logo retornamos no tempo a fim de compreender como tudo ocorreu. Ainda, temos alguns parágrafos narrados em primeira pessoa por um jornalista também chamado Yuri Belov, que afirma ser o responsável por transformar os relatos sobre o grande evento em um documentário – o próprio livro que temos em mão. Assim, ele assume a narrativa em terceira pessoa a fim de relatar toda o desenrolar do enredo, e o leitor passa a questionar o quanto da trama será realidade e o quanto será ficção. Ainda, Yuri Belov – autor, cujo nome é um pseudônimo – é engenheiro de mesma atividade que Siegfried, o que novamente nos remete a uma possível conexão entre fatos reais e a fantasia.
Outra contribuição da profissão do autor para a trama foi o nível de detalhamento que seus conhecimentos possibilitaram ao enredo, visto que muitas passagens são relatadas com extrema minúcia, principalmente no que diz respeito às atividades profissionais de Siegfried, havendo, assim, uma riqueza maior de tais informações. Entretanto, esse nível de detalhamento assume um caráter duplo: ao mesmo tempo em que enriquece a obra, também a torna mais lenta e bastante extensa, de forma que questionei, em alguns momentos, a necessidade de tantos pormenores, se todos eles seriam, de fato, relevantes ao todo.
Também, meu próprio envolvimento com a história foi pouco a pouco diminuído, o que similarmente contribuiu para a sensação de lentidão da leitura. Como o livro funciona como um documentário de um jornalista, há certa impessoalidade e objetividade na narrativa, de forma a estarmos distanciados das personagens. Por preferir narrativas, talvez, mais introspectivas, acabei não conseguindo imergir completamente nessa, o que foi prejudicial em meu aproveitamento da obra. Por fim, as altas expectativas alimentadas no início da leitura acabaram por se tornar negativas, visto que encontrei, com o desenrolar da história, algo diferente do imaginado; supus que o enredo se desenvolveria com uma diversidade maior de acontecimentos e reviravoltas que culminariam no citado no Prólogo e, de modo geral, ela me pareceu bastante linear, considerando-se que senti uma certa repetição de temáticas e histórias, tanto na vivência de Sigfried quanto na de Roxane, principalmente porque o propósito do enredo é justamente o de narrar os altos e baixos vividos pelo primeiro em meio ao mundo corporativo, além da duplicidade da vida da segunda. O que quebrou parte dessa linearidade foram as personagens secundárias cujas histórias são narradas a fim de serem entrelaçadas à principal, construindo toda uma teia positiva de eventos conectados ao final.
De um modo geral, achei a história interessante, principalmente pelo aspecto autor/personagem, e por haver um entrelaçamento de eventos que garantem originalidade e identidade à trama, ainda que a leitura tenha sido mais lenta e extensa do que o esperado. Indico a leitura aos que buscam uma obra recheada tanto de tramas políticas quanto de misticismo e paixões, salientando que ela se destina a um público mais maduro e disposto a realizar uma leitura calma e atenta, capaz de receber, de fato, tudo o que o livro tem a oferecer.
Esta postagem é um publieditorial.
O livro parece bem interessante. Boa resenha.
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