Título: Para Onde Ela Foi
Autor: Gayle Forman
Editora: Novo Conceito
Número de Páginas: 240
Ano de Publicação: 2014
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Meu primeiro impulso não é agarrá-la nem beijá-la. Eu só quero tocar sua bochecha, ainda corada pela apresentação desta noite. Eu quero atravessar o espaço que nos separa, medido em passos não em milhas, não em continentes, não em anos , e acariciar seu rosto com um dedo calejado. Mas eu não posso tocá-la. Esse é um privilégio que me foi tirado.
Com a mesma força dramática de “Se Eu Ficar”, agora pela voz de Adam, “Para Onde Ela Foi” expõe o desalento da perda, a promessa da esperança e a chama do amor que renasce.
Fiquei vários minutos sentada de frente ao computador pensando em como eu começaria essa resenha, mas nenhuma maneira parecia correta. Para Onde Ela Foi não simplesmente é uma bomba de sentimentos de Adam, que narra em primeira pessoa essa história, despertando em mim essas emoções, como também me ajudou a compreender e apreciar ainda mais Se Eu Ficar, seu antecessor.
Logo de início notei a diferença na narrativa das duas obras. Enquanto a primeira é mais poética, mas, de certa forma, distante, a segunda perde parte dessa poesia e dá lugar a mais emoções. E foi exatamente assim que Gayle Forman conquistou minha total admiração: a narrativa, embora composta pela escrita da autora, é cada um de seus personagens. Se Eu Ficar é poético e contido porque assim é Mia: ela, ainda que comporte diversos sentimentos, aparenta distância e frieza porque os guarda para si, ela não os extravasa, só o faz através de sua música – o motivo pelo qual Se Eu Ficar desperta muito menos emoções do que a maioria dos leitores esperava. Já Para Onde Ela Foi representa toda a fúria, o vazio e o sofrimento de Adam e foi extremamente fácil me sentir próxima do personagem e envolvida pela história. Eu simplesmente não tive vontade de interromper a leitura.
“Meu corpo todo está tremendo. Estou surtando. Um dia pode ter apenas vinte e quatro horas, mas às vezes passar por um parece tão impossível quanto escalar o Everest.”
página 27
O livro se estrutura da mesma maneira que Se Eu Ficar: narrando 24 horas da vida de Adam, intercala o presente com o passado – tanto o que se refere a antes do acidente de Mia quanto o meio tempo entre o término do último livro e sua vida atual. Os capítulos alternados entre presente e passado são marcados de acordo com a presença ou não das músicas da Shooting Star, banda de sucesso do protagonista: aqueles com as letras no início representam a atualidade.
A música, inclusive, é tão presente e importante aqui quanto em seu antecessor. Da mesma forma que ela é a síntese das emoções e do amadurecimento de Mia, também é a síntese de Adam. Ambos se expressam através da música, ambos vivem a música de maneira completamente introspectiva e que faz sentido apenas a cada um deles. A música, de certa forma, é a grande conexão entre eles: ao terem suas próprias visões modificadas por ela, conseguem enxergar tão bem o outro.
Talvez não haja melhor palavra para representar meu envolvimento com a leitura do que fascínio. Foi como se um encantamento houvesse me prendido às páginas, impedindo-me de interrompê-las. Eu, assim como Adam, não conseguia aceitar e entender o desenrolar dos últimos três anos de sua vida, e tudo o que acompanhava me parecia como uma triste realidade paralela, algo que não deveria estar acontecendo. Ao mesmo tempo, eu precisava saber como tudo terminaria, precisava do desfecho e, mais do que tudo, precisava que ele trouxesse calma ao personagem e ao meu próprio coração.
“Acabei percebendo que há uma grande diferença entre saber que algo aconteceu e saber por que aconteceu, e acreditar nisso. Porque, quando ela cortou o contato, sim, eu sabia que havia acontecido. Mas levei um longo, longo tempo para acreditar.
Em alguns dias, eu ainda não acredito.”
página 98
Terminei a leitura apaixonada pela história de Adam e Mia, e não por algum dos livros individualmente. Se Eu Ficar e Para Onde Ela Foi fazem parte um do outro, são extensões um do outro, e não há como um existir sem o outro: o segundo volume obrigatoriamente precisa do primeiro para acontecer, mas, pelo menos no meu caso, foi ele quem me fez compreender de verdade seu precursor.
No resumo, os que se decepcionaram com Se Eu Ficar deveriam dar uma chance a Para Onde Ela Foi, leitura obrigatória aos que se apaixonaram pelo primeiro. Em minha própria experiência, finalizei a última página tomada por emoções e enxergando ambos volumes completamente entrelaçados, ainda que distintos por suas individualidades. Provavelmente eu nunca tenha lido dois livros que são tanto suas próprias personagens metamorfoseadas em palavras.
Quando eu vi esse livro, não sabia que era a versão do Adan, do livro Se eu ficar. Não consegui concluir Se eu ficar, não me envolvi com a leitura, acho que li no momento errado, não sei. Daí no fim das contas desapeguei de ler esse também. Mas parece muito bom.