Em um subúrbio tranquilo de Londres, algumas mães se ajudam através de amizade, favores e fofocas. No entanto, algumas delas não parecem confiáveis e outras têm segredos obscuros. Quando Callie se mudou para seu novo bairro, pensou que seria fácil adaptar-se. Contudo, os outros pais e mães têm sido estranhamente hostis com ela e com sua filha, Rae, que também descobriu como é difícil fazer novas amizades.
Suzy, seu marido rico e seus três filhos parecem ser a única família disposta a fazer amigos, mas, recentemente, a amizade com Suzy anda tensa. Ainda mais com a atmosfera pesada que pairou sobre o bairro após a chegada da polícia e o relato de um possível suspeito morando no bairro.
O que Callie e sua pequena Rae podem esperar? Em quem confiar? E, sobretudo, como imaginar que certas atitudes rotineiras podem colocar em risco a vida de sua pequena filha? Verdades e mentiras parecem se esconder nestas pequenas casas.
Uma Questão de Confiança se inicia de maneira tranquila, apresentando os fatos ao leitor. Através de uma narrativa que se divide em capítulos sob o ponto de vista de Callie, em primeira pessoa, e de Suzy e Debs, em terceira pessoa, conhecemos essas personagens, bem como a rotina que as envolve.
Por ser um thriller psicológico, as vidas das três mulheres são contadas a partir de suas emoções e impressões. Conhecemos primeiro seus pensamentos e sentimentos para depois compreendermos suas vidas. Inicialmente, a história aparenta tranquilidade e o suspense não fica tão evidente. Contudo, Louise Millar soube desenvolvê-lo com maestria, manipulando o leitor e o encaminhando exatamente para onde ela desejou, para depois surpreendê-lo e envolvê-lo a ponto de se tornar impossível interromper a leitura. A leitura se mostrou fluida logo de início e a fluidez só tende a aumentar conforme a complexidade da história também cresce.
Callie, Suzy e Debs são complexas, e, por isso, é impossível compreendê-las logo de início. A história se desenvolve ao passo que também são desenvolvidos os fatos necessários para que as personagens, enfim, sejam compreendidas. Ainda, Miller soube muito bem como entregar os pontos para o leitor aos poucos, criando o suspense de maneira quase imperceptível. Quando todas as peças começaram a se juntar, fiquei realmente surpresa porque não havia imaginado nada daquilo. Tive uma única suspeita muito superficial, mas, no momento em que ela me ocorreu, era impossível de encaixá-la no contexto apresentado, então logo a descartei.
Um dos pontos que mais me chamou a atenção foi a maneira de como a autora conseguiu tão rapidamente criar um vínculo entre o leitor e as personagens. Apenas a partir das impressões delas, dadas por meio de de seus pensamentos, criei as minhas sobre elas e acabei por simpatizar com algumas e antipatizar com outras, e foi exatamente essa a chave de minha surpresa final.
Em minha opinião, a história se faz surpreendente por conta da habilidade da autora em construir suas personagens e de conduzir o leitor a ter suas impressões sobre elas. A história em si não é recheada de grandes acontecimentos em todos os momentos, mas o principal está em conhecer as personagens a partir de suas emoções e pensamentos e, dessa maneira, compreender a vida ao redor delas. A autora soube como esconder todos os segredos que as envolvem, bem como a hora exata de revelá-los.
Uma Questão de Confiança certamente me surpreendeu e me proporcionou uma ótima leitura. Aos que procuram por um thriller psicológico desenvolvido calmamente no início, eletrizante no final, e sempre de maneira fluida e agradável, certamente recomendo essa leitura.
De volta em grande estilo!
Você me recepciona com um estilo que eu mais gosto, com uma autora que consegue enganar o leitor sem deixá-lo com raiva. Eu adoro quando Agatha Christie faz isso comigo!
E ainda por cima um livro estrelado por relações femininas. Eu fiquei bem afim. É totalmente diferente de qualquer coisa que eu esperava desse livro (um romance bem assim assim).
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