Na década de 1970, um grupo de adolescentes brasileiros vai a Israel para ajudar na colheita de frutas cítricas e aprender a história do país. Eles dispõem de alguns dias de folga, mas estão proibidos de viajar à Europa, onde um judeu ingênuo poderia ceder às tentações burguesas e se desviar do caminho do sionismo. Um deles transgride a interdição e viaja a Londres. Com esse enredo Luis Krausz tece a fascinante história de famílias de judeus russos e do Império Austro-Húngaro, dispersas após a Primeira Guerra e início do nazismo. Nas suas andanças, o jovem parece reatar os laços entre parentes de Israel, Inglaterra e Brasil. Mas ele sabe que o tempo, a distância e o esquecimento desfizeram esses laços para sempre. O fascínio do narrador pela cultura austríaco-alemã não o impede de referir o Holocausto, num contraponto sombrio às suas exaltações da Europa Central. Não é possível esquecer que os homens dessa Europa admirável, que produziram a filosofia e a arte mais sublime também enlouqueceram e retornaram à barbárie, levando o mundo à destruição e ao horror. Lemos Deserto desejando que o livro não termine. A prosa de Luis Krausz é fluente, clara, com longos períodos proustianos, citações e ensaios.