[Livros Na Telona] Persuasão – Jane Austen

Título: Persuasão
Autor: Jane Austen
Editora: Martin Claret
Número de Páginas: 240
Ano de Publicação: 2010
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Persuasão é meu livro favorito de Jane Austen.

Anne Elliot, em sua adolescência, teve um romance com o Capitão Wenthworth, o qual a propôs em casamento. Porém, seu futuro na Marinha era incerto e, assim, o pretendente não era considerado pela família dela como um “bom partido”. Dessa maneira, a madrinha de Anne, a Sra Russel, acaba por convencê-la a recusar o pedido, mesmo que ela fosse apaixonada por Wenthworth.

Com o passar dos anos, Anne já atingiu uma idade que ela não mais acredita conseguir um casamento e saber que, nesse meio tempo, Wenthworth conseguiu fazer fortuna, o que foi contrário às previsões de sua família, deixaram nela o peso de sua decisão anos antes, bem como uma grande dose de arrependimento.

E assim a história se inicia, com a casa da família Elliot sendo alugada devido às dívidas de Sir Walter Elliot, que passa a morar em Bath com Elizabeth, a filha mais velha, e sua dama de companhia, Penelope. Anne, por sua vez, recebe um pedido de sua irmã mais nova, Mary, para que se junte a ela por um tempo, já que sua saúde estava debilitada.

Não pretendo contar mais nada da história para que ela seja descoberta conforme a leitura é desenvolvida.

Desde que assisti ao filme A Casa do Lago, com Sandra Bullock e Keanu Reeves, tinha vontade de ler Persuasão. No filme, esse é o livro favorito de Kate, personagem interpretada por Sandra, e ela, ao contar a história, me deixou encantada por ela desde a primeira vez que assisti. Assim, tinha grandes expectativas ao ler o livro e ele se tornou o meu favorito da grande Jane Austen.

Anne é, também, uma de minhas personagens favoritas. Apesar de carregar consigo o peso de suas escolhas, ela tem consciência de ter sido ela mesma a responsável pela situação em que se encontra. Ainda, é a mais madura e responsável em sua família, aliás, arrisco-me a dizer a única, visto que seu pai e irmãs buscam apenas o prestígio social. Por mais que suas atitudes as vezes irritassem, por ser passiva ao extremo, Anne não se coloca no papel de sofredora, ela assume quieta tudo que faz e se mantem sempre fiel a si mesma.

A história é encantadora. Trata da questão da escolha, do significado de se manter fiel aos seus princípios e, principalmente, de um grande e verdadeiro amor, o que, definitivamente, mais me agradou. Outro fator responsável pelo meu encantamento foi a carga de “injustiças” contidas na história. Sabe quando a personagem é obrigada a passar por várias situações que nos deixam agoniados e revoltados por ela se permitir passar por isso? Isso acontece aqui e, por mais que não sejam sentimentos agradáveis de se ter em uma leitura, são uma consequência direta de como Jane Austen conseguiu envolver o leitor na história. Ademais, a existência de tais maus sentimentos fazem valer ainda mais a pena a ocorrência dos bons.

Como todos os livros da autora, Persuasão também conta com críticas sociais e uma precisa descrição da sociedade britânica daquela época. Tais críticas são sempre focadas na questão da futilidade e arrogância da nobreza, bem como nos relacionamentos por interesse.

O livro certamente vale a pena de ser lido, principalmente por mostrar a fundo os pensamentos e sentimentos de Anne, que nos permitem compreender completamente o porquê de suas atitudes. Além disso, a bela história de amor foi, para mim, emocionante e arrebatadora pela intensidade dos sentimentos da protagonista, tão bem mascarados por sua contida aparência.

Acredito que não exista uma adaptação sequer dos livros de Jane Austen que não seja fiel à história por ela criada. Persuasão é mais um exemplo disso. Nenhum fato do filme é inexistente no livro, bem como sua essência não foi alterada.

Sally Hawkins, atriz que interpreta Anne Elliot, merece um destaque. Ela esteve perfeita no papel da protagonista, com seus modos contidos, sua bondade e sua disciplina. Mas o que mais me chamou a atenção foi a sua capacidade de transmitir a intensidade dos sentimentos de Anne. Uma olhar, uma respiração mais ofegante e eu consegui sentir com ela tudo aquilo que a personagem deveria estar sentindo também, tanto sua agonia quanto a imensidão de seu amor. Não é a toa que chorei por diversas vezes assistindo ao filme.

Rupert Penry Jones é outro destaque. O Capitão Wenthworth ficou muitíssimo bem representado por ele, além de ser um agrado enorme aos olhos de quem assiste.
Como dito, a história foi muito bem adaptada. Claro, dizer isso já remete ao fato de que nem tudo que acontece no livro acontece no filme. Pequenos detalhes foram omitidos ou mais rapidamente representados, simplesmente para que o filme não ficasse demasiadamente longo ou enfadonho. Senti falta, somente, de algumas falas ditas por Anne e Wenthworht ao final e que permitem uma melhor compreensão de suas atitudes ao decorrer da história, apenas subentendidas no filme.

Algo que muito contribuiu para as emoções no filme foi a sua trilha sonora. As melodias intensas combinadas às situações trouxeram uma avalanche de sentimentos para mim. Ainda, a edição das cenas foi outra contribuinte, ajudando a focar ainda mais nas emoções sentidas pelas personagens.
O que posso dizer é que tanto o livro quanto o filme se tornaram os meus favoritos da autora. Me senti realmente arrebatada por eles e encantada pela história. Recomendo, novamente, ambos: o filme como uma ilustração do livro, e o livro como um aprofundamento do filme. Nesse caso, acredito que não haja diferença entre ler ou assistir primeiro, apesar de que, na maioria das vezes, eu prefira, primeiro, a leitura.

 

 

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