[Resenha] Achados e Perdidos - Brooke Davis - Minha Vida Literária
Minha Vida Literária
08

set
2016

[Resenha] Achados e Perdidos – Brooke Davis

achados-e-perdidos-brooke-davis-minha-vida-literariaTítulo: Achados e Perdidos
Autor: Brooke Davis
Editora: Record
Número de Páginas: 252
Ano de Publicação: 2016
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Millie Bird é uma garotinha de apenas 7 anos que já sabe muita coisa. Ela já descobriu que todos nós um dia vamos morrer. Em seu Livro das Coisas Mortas, ela registra tudo o que não existe mais. No número 28 ela escreveu “Meu Pai”. Millie descobriu também, da pior forma possível, que um dia as pessoas simplesmente vão embora, pois a mãe dela, abalada com a morte do marido, a abandona numa grande loja de departamentos. Ela só não está triste porque conheceu Karl, o Digitador, um senhor de 87 anos que costumava digitar com os próprios dedos frases românticas na pele macia de sua mulher. Mas, agora que ela se foi, ele digita as palavras no ar enquanto fala. Ele foi colocado pelo filho em uma casa de repouso, porém, em um momento de clareza e êxtase, ele escapa, tornando-se então um fugitivo. Agatha Pantha é uma senhora de 82 anos que mora na casa em frente à de Millie e que não sai mais, nem conversa com ninguém, há sete anos. Desde que o marido morreu, ela passou a viver num mundinho só dela. Agatha preenche o silêncio gritando, pela janela, com as pessoas que passam na rua, assistindo à estática na televisão e anotando em seu diário tudo o que faz. Mas, quando descobre que a mãe de Millie desapareceu, ela decide que vai ajudar a menina a encontrá-la. Então, a adorável garotinha, o velhinho aventureiro e a senhorinha rabugenta partem em uma busca repleta de confusões e ensinamentos, que vai revelar muito mais do que eles imaginam encontrar.

Entre Achados e Perdidos, encontros e desencontros, há também perdas e ganhos. Poderiam ser apenas pares opositivos de palavras, mas Brooke Davis fez deles a temática de seu livro – lembrando os leitores serem essas, também, a temática da própria vida.

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Aos sete anos, Millie já se deparou com algumas coisas mortas – entre elas, seu pai. Embora ela saiba que todos nós, um dia, iremos morrer, ela ainda não entende a morte muito bem. Nem sua mãe, pelo visto, já que em decorrência do falecimento do marido, ela acabou abandonando Millie em uma loja de departamentos. A partir disso, o destino da garotinha cruza com o de dois idosos – Karl, o Digitador, e Agatha -, os quais também vêm tentando lidar com o luto consequente da morte de seus respectivos parceiros. Ao se encontrarem, os três partem em uma jornada em busca da mãe de Millie.

“Então, quando Agatha vê a menina entrando na casa do outro lado da rua, sabe que o pai dela está morto e que sua mãe não está lá. A mãe havia olhado Agatha dois dias antes. Bem através do buraco na hera, bem através da vidraça na janela, bem dentro do olho. Colocara uma mala no porta-malas do carro e seus olhos disseram algo para Agatha, algo como um pedido de desculpas, algo como um berro, como se estivesse implorando, algo mais ou menos assim:
Como envelhecemos sem deixar a tristeza tomar conta de tudo?
E o corpo de Agatha vibrara ligeiramente.”

página 65

É difícil fazer uma resenha como as demais, sendo Achados e Perdidos um livro peculiar. Brooke Davis criou uma história sensível e sincera, arrancando risos, suspiros e lágrimas, quebrando ideias e estereótipos. Ao fazer de seus protagonistas uma criança e dois idosos, uniu o começo e o fim da vida em um ciclo, demonstrando ser completamente possível se sentir confuso e perdido em qualquer parte dele.

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 Em terceira pessoa, ora temos, em Achados e Perdidos, a visão inocente de Millie – repleta de questionamentos -, ora a saudosista de Karl – desejando ir além de si próprio – e ora a melancólica de Agatha – tão confusa sobre suas próprias emoções. A escrita, muitas vezes, foge do comum, trazendo estruturas notadamente literárias e recursos poéticos, de forma a aumentar, ainda mais, a sensibilidade da escrita de Davis.

“Mas a gente devia poder abraçar todas as mães que não são nossas, porque algumas pessoas não têm mãe – e o que vão fazer com todos os abraços que elas têm?”

página 173

Adorei tudo no livro, tanto sua escrita e história quanto as mensagens transmitidas. Mesmo que em diferentes fases da vida, as personagens estão em busca de algo, enfrentando seus lutos e receios, e Davis foi muito feliz em mostrar que buscas e perdas fazem parte de nossas trajetórias – assim como também faz parte não saber, muitas vezes, como lidar com elas. Ainda, amei a maneira de como tirou estereótipos na construção de Karl e Agatha. É comum que as pessoas, ao atingirem a velhice, sejam desumanizadas, no sentido de que se cria uma visão de pureza sobre elas capaz de eliminar seus sentimentos, personalidades e desejos. A autora, ao humanizá-los, nos mostrou o quanto o processo inverso de fato ocorre.

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No geral, Achados e Perdidos foi uma leitura extremamente sensível e cativante, agridoce por mesclar tão bem o riso com a melancolia. Suas personagens são sobretudo humanas, e nos apaixonamos por elas principalmente ao vermos suas falhas e dificuldades. Acima de tudo, nos identificamos com a busca de cada uma dela, e reconhecemos a confusão de sentimentos e memórias que as habitam. 





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2 Respostas para "[Resenha] Achados e Perdidos – Brooke Davis"

Júlia - 08, setembro 2016 às (11:22)

Eu vi no video de recebidos e vim correndo ver a resenha. Quero muito ler esse livro, parece que vai ser muito emocionante. Bjs, Aione.

Michelle - 19, abril 2017 às (22:19)

Ameiii! Stalkeando o menu de resenhas o título me chamou a atenção e fiquei encantada! Já quero ler. Vou procurar na Saraiva ou nas trocas do Skoob

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