Título: A Menina da Neve
Autor: Eowyn Ivey
Editora: Novo Conceito
Número de Páginas: 352
Data de Publicação: 2015
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Alasca, 1920: Um lugar especialmente difícil para os recém-chegados Jack e Mabel. Sem filhos, eles estão se afastando um do outro cada vez mais ele, no duro trabalho da fazenda, ela, se perdendo na solidão e no desespero. Em um dos raros momentos juntos durante a primeira nevasca da temporada, eles fazem uma criança de neve. Na manhã seguinte, ela simplesmente desaparece.
Jack e Mabel avistam uma menina loira correndo por entre as árvores, mas a criança não é comum. Ela caça com uma raposa-vermelha ao lado e, de alguma forma, consegue sobreviver sozinha no rigoroso inverno do Alasca.
Enquanto o casal se esforça para entendê-la uma criança que poderia ter saído das páginas de um conto de fadas, eles começam a amá-la como se ela fosse filha deles. No entanto, nesse lugar bonito e sombrio, as coisas raramente são como aparentam ser, e o que aprendem sobre essa misteriosa menina vai transformar a vida de todos eles.
Fantasia ou realidade? Fruto de um rigoroso inverno ou do frio que acomete a alma? A Menina da Neve, de Eowyn Ivey, foi finalista do Prêmio Pulitzer em 2013 e lançado recentemente no Brasil pela Editora Novo Conceito. Mesclando um toque de magia e contos de fada, traz a história de um casal tentando sobreviver não simplesmente às rigorosas condições de vida no Alasca durante a década de 1920, mas, principalmente, às desilusões de uma sofrida vida ao lado um do outro.
Mabel e Jack já estão em uma avançada idade. Mudaram-se para o Alasca em uma tentativa de fugirem da dolorosa realidade que se abateu sobre suas vidas após Mabel ter dado à luz a uma criança nascida morta, única esperança de filhos do casal. Contudo, mesmo tentando recomeçarem a vida em um novo lugar, alguns fantasmas são impossíveis de serem abandonados, e os dois se tornam, a cada dia, mais distantes um do outro, mais imersos em suas próprias dores e anseios, mais inaptos a lidarem com seus problemas: tornam-se desconhecidos vivendo lado a lado. Porém, tudo muda após Mabel e Jack viverem um raro momento de intimidade e proximidade, quando constroem uma menina feita de neve: no dia seguinte, ela sumiu, mas o casal passa a ver uma menina, de carne e osso, correndo entre as árvores, cada vez mais próxima e regular em suas visitas a eles. Aos poucos, a presença da menina vai possibilitando as mudanças em suas vidas, fazendo com que a chegada da neve seja, também, a chegada do amor e do calor em seus corações.
“Ela não se lembrava da última vez que ele tocara sua pele, e aquele pensamento doía como solidão em seu peito. Então ela viu alguns fios prateados em sua barba avermelhada. Quando eles apareceram? Ele também estava ficando grisalho? Os dois desaparecendo sem que nenhum notasse o outro.”
página 13
A narrativa em terceira pessoa se alterna segundo as visões das personagens, sendo construída pela escrita totalmente sensível de Eowyn Ivey. Suas palavras carregam cores e sensações, impressões e sentimentos, aproximando o clima frio e castigante do cenário da história à própria realidade emocional inicialmente vivida pelo casal. Por dependerem da caça e da colheita para sobreviverem, foram muitos os momentos em que me senti aflita pelas descrições de mortes dos animais, que serviriam de alimento às personagens. Entretanto, as impressões mais marcantes dessas cenas, para mim, foram tanto o contraste das cores descritas – o branco da neve, o vermelho do sangue -, quanto a realidade impressa à historia nesses instantes. A sensibilidade da escrita da autora está não apenas em sua maneira de trabalhar as emoções das personagens e de retratá-las ao leitor, mas também em revelar toda a severidade da vida de Mabel e Jack, que, aos poucos, vai se tornando mais adaptável e acolhedora.
A curiosidade pela origem da menina e a incerteza sobre sua realidade certamente foram um dos motivadores de minha leitura. Porém, aos poucos, fui muito mais atraída pela relação entre Mabel e Jack e de ambos com a menina do que pelo mistério em si que a envolve. A partir de determinado momento, não mais me importava entendê-lo, mas simplesmente acompanhar a história criada a partir de sua aparição. Me envolvi com as personagens, senti compaixão por suas histórias e adorei poder acompanhar o desenrolar de cada uma delas.
“A menina conhecia a floresta e seus atalhos. Ela encontrava comida e abrigo. Não era só disso que uma criança precisava? Mabel diria que não. Diria que a menina precisava de calor e afeto e de alguém para cuidar dela, mas Jack ficou imaginando se isso tinha ou não mais a ver com os desejos da mulher do que com as necessidades da criança.”
página 105
Eowyn Ivey se baseou em diferentes contos na criação de A Menina da Neve, todos citados não apenas em seus agradecimentos, mas também por meio de quotes na apresentação de cada uma das três partes que dividem a história, bem como durante a própria trama, em um dos livros de contos de fadas de Mabel. Assim, o toque de fantasia que tempera a obra foi ainda mais intensificado por esse detalhe.
A Menina da Neve não foi uma obra capaz de me levar às lágrimas ou de me proporcionar um frenético virar de páginas; ao contrário, foi uma leitura delicada, ao mesmo tempo mágica e real, terna e melancólica, que retrata, acima de tudo, dificuldades às quais qualquer um de nós pode estar submetido durante nossas próprias vidas.
Esse livro esta sendo muito falado, ainda não tinha visto nenhuma resenha, gostei da resenha, a capa é linda, e eu fiquei bem curiosa com a história.