Sobre o Livro
Título: O Sol É Para Todos
Autor: Harper Lee
Editora: José Olympio
Número de Páginas: 232
Ano de Publicação: 2015
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O Sol É Para Todos é considerado um clássico americano do século XX. Escrito por Harper Lee e lançado originalmente em 1960, a obra foi vencedora do Pulitzer em 1961 e ganhou uma adaptação homônima para o cinema, que recebeu o Oscar de melhor roteiro adaptado em 1962. Depois de ter esgotado no Brasil, o livro ganhou uma nova edição esse mês pela editora José Olympio, que também lançará, no segundo semestre deste ano, Go Set a Watchman, a continuação da história, escrita antes mesmo de O Sol É Para Todos e jamais publicada, até agora.
O livro traz a história de Jem Louise Finch, a Scout, garotinha de 6 anos cuja vida nos é narrada em primeira pessoa até os seus 8 anos. Inicialmente somos apresentados ao seu convívio familiar, a sua rotina e ao modo de vida pacato de sua cidade, Maycomb, no Alabama. Aos poucos, tomamos conhecimento do caso defendido por Atticus, advogado e pai de Scout, que está defendendo um homem negro acusado de estuprar uma mulher branca, e as consequências disso para a vida de todos os envolvidos.
É incrível a maneira de como Harper Lee traz temáticas tão atuais em um contexto tão distante. Embora o enredo se passe no início dos anos 30 e sejam muitas as diferenças encontradas de lá para cá, ao mesmo tempo há muitas similaridades. A profissão de Atticus, por exemplo, não era valorizada como é atualmente, simplesmente porque não envolvia esforço ou força física. No entanto, as desigualdades sociais, o preconceito e as injustiças, infelizmente, continuam os mesmos.
Outro ponto que chamou demais minha atenção foi a mudança na visão de Scout ao longo da trama justamente por passar a compreender o mundo ao seu redor. Sua cidade, tão acolhedora inicialmente, ganha um novo panorama conforme seus cidadãos demonstram um outro lado. As pessoas inicialmente vistas como perigosas passam a ser compreendidas por uma outra perspectiva, enquanto outras começam a ser questionadas. Até mesmo hábitos inicialmente tão comuns, como “pretos” para a forma pejorativa dos habitantes se referirem aos negros, são indagados por Scout que, acima de tudo, é uma garota inocente por não enxergar e compreender a maldade do mundo ao seu redor até que ela se imponha em sua frente.
“- Você é muito jovem para entender isso, mas às vezes a Bíblia na mão de um determinado homem é pior do que uma garrafa de uísque na mão de… ah, do seu pai.”
página 62
Foi impossível não me apaixonar pelas personagens, principalmente a família Finch: Scout, Jem, Calpúrnia e Atticus, talvez a figura mais admirável da obra por toda sua integridade e seus valores, tomando as decisões que julga corretas ainda que sejam as mais difíceis de serem tomadas. É a visão de Atticus que traz ensinamentos aos filhos e os direciona em seus processos de amadurecimento. Scout e Jem, assim como Dill, melhor amigo dos dois, mostram-se crianças extremamente sensíveis.
Além do livro ser recheado de frases reflexivas e ensinamentos não só valiosos, mas também muito atuais, sua escrita é simples e fluida, exigindo mais do leitor por seu conteúdo, não por sua narrativa. Ainda, foi quase impossível interromper a leitura em sua parte final, quando o julgamento de Tom Robinson tem início.
“- Essas pessoas certamente têm o direito de pensar assim, é têm todo o direito de ter sua opinião respeitada. (…) Mas antes de ser obrigado a viver com os outros, tenho de conviver comigo mesmo. A única coisa que não deve se curvar ao julgamento da maioria é a consciência de uma pessoa.”
páginas 135
O Sol É Para Todos mexeu comigo em diversos momentos da leitura e me levou às lágrimas em seu final. É uma obra sensível, atual e capaz de proporcionar uma leitura envolvente e profunda – exatamente como grandes clássicos devem ser.
Sobre o Filme
O filme estrelado por Gregory Peck foi ganhador do Oscar de melhor roteiro adaptado em 1962 e, só por isso, já temos um indício de sua qualidade.
Foi delicioso poder ver as cenas lidas na história transpostas nessa outra mídia, ainda mais pelos atores terem representado tão bem as personagens criadas por Harper Lee.
De modo geral, o filme traz um resumo dos acontecimentos dispostos no livro: muitas cenas são cortadas, sendo que apenas o essencial se encontra na adaptação. Seria muito difícil trazer todos os acontecimentos, não apenas por uma questão de tempo – afinal, o filme já tem 2 horas e correria o risco de se tornar demasiadamente extenso se trouxesse mais cenas -, mas também de relevância para o filme. Nem tudo ficaria tão bem nessa mídia como ficou no livro.
Dessa maneira, a adaptação traz a essência da obra de Harper Lee e é capaz tanto de causar reflexões quanto de emocionar. Contudo, faz ambos sem a intensidade do original, simplesmente porque esse é, indiscutivelmente, muito mais completo e muito melhor ao demonstrar tanto o amadurecimento de Scout quanto as emoções contidas na obra. De modo algum considero esse como um defeito do filme, acredito que a adaptação deu da melhor forma que podia, só é extremamente difícil que um filme alcance a grandiosidade de um livro por serem mídias diferentes e essa segunda trazer recursos impossíveis à primeira, ainda que essa também tenha suas vantagens. No caso de O Sol É Para Todos, os benefícios da literatura fizeram dela grandiosa, e o filme consiste como uma boa representação dela.
Assim, indico tanto que o livro seja lido quanto o filme, assistido. Não acredito que assistir ao segundo seja obrigatório após o primeiro, mas certamente a experiência com O Sol É Para Todos não será completa sem a leitura da obra, independentemente se antes ou depois do filme.
Assista ao Trailer!
Aione,infelizmente ainda não li o livro ,nem assisti ao filme.Mas com certeza será minhas próximas ações ler e assistir essa obra tão profunda e tocante que trata de temas tão presentes em nossa sociedade como discriminação racial e desigualdades sociais,porque não dizer discriminação social.Melhor ainda que terá continuação da história,está escrita anteriormente desta já publicada.Beijos!!!