Há anos não tinha contato com alguma obra de Sidney Sheldon. O último livro que havia lido do autor – O Outro Lado da Meia Noite – me marcou tanto que, mesmo após tanto tempo, ainda me recordo de detalhes da leitura, tão marcante ela foi. Assim, comecei a ler A Herdeira já sabendo ter em mãos a obra de um grande escritor. Ainda que esse livro não tenha sido tão arrebatador quanto o outro, não posso negar ter feito uma excelente e deliciosa leitura.
A história é dividida em duas partes. Na primeira, somos apresentados às bases do enredo, aos acontecimentos principalmente do passado que explicam e nos situam sobre a atual situação de cada personagem. Confesso ter-me sentido um pouco confusa nas primeiras páginas, uma vez que cada capítulo é dirigido a um diferente descendente de Samuel Roffe, fundador da gigante empresa farmacêutica Roffe e Filhos. Somente após alguns capítulos é que passamos a conhecer Elizabeth Roffe, a protagonista. Toda essa introdução é extremamente importante: ela não apenas situa o leitor sobre a vida de cada personagem como também serve de base para possíveis motivos na trama que será desenvolvida. Quanto ao passado de Elizabeth, serve para que o leitor conheça a protagonista e compreenda aquilo que norteia suas decisões e atitudes.
Ainda que eu tenha me sentido confusa nas primeiras páginas, após ter-me habituado à narrativa me vi totalmente inserida nela. Sidney Sheldon não faz uso de frases impactantes ou de palavras rebuscadas. Sua narrativa é simples, direta e dotada de uma imensa capacidade de envolvimento e fluidez, possíveis apenas àqueles que possuem a habilidade da escrita. Por mais que o autor faça uso de uma narrativa simples, a maneira com que a constrói é o que a enriquece, mesclando muito bem ações com descrições.
O autor, também, parece ter uma queda por relacionamentos problemáticos, bem como por personalidades complicadas. Em ambos os livros, essas características estão presentes, assim como a de protagonistas que tiveram uma adolescência retraída e que passaram por alguma espécie de superação durante o seu crescimento.
O suspense vai surgindo aos poucos e por toda a narrativa Sidney Sheldon habilmente dispõe evidências para conduzir o leitor a decifrar o caso. Contudo, o que ele faz não é levar o leitor a pensar apenas em uma solução. A situação é dada de forma que a lista de suspeitos é enorme, e o caso só é solucionado nas últimas páginas, quando a curiosidade do leitor já está em seu ápice. Nesse livro especificamente, consegui descobrir o verdadeiro culpado na metade da história, mas porque me baseei em uma teoria que nem ao menos foi citada ao final. Assim, não sei se meu palpite foi mera coincidência ou norteado por recordações do outro livro do autor que li, o que me levou a seguir um mesmo padrão de história.
Como já tinha certeza de quem era o culpado, não me surpreendi com o desfecho, diminuindo e muito o impacto que ela teria em mim, caso eu houvesse me enganado. Entretanto, a leitura, ainda assim, foi extremamente prazerosa e me manteve curiosa até o final, o que me fez devorar o livro durante seu desenvolvimento. Sidney Sheldon sabe como manter a expectativa do leitor acesa e sabe como conquista-lo.
Aos amantes de um bom romance policial, a leitura de Sidney Sheldon é obrigatória. O autor é um mestre no gênero e ler suas obras é uma experiência extremamente proveitosa.
Adoro quando o autor te deixa com aquela curiosidade absurda, mas sempre deixando as pistas pra você conseguir pensar na solução e “competir” com ele… haha
Embora também ache extremamente chato quando a gente consegue desvendar o mistério antes… (por isso que amo de paixão Agatha Christie hehe)
Mas ainda não consegui ler nada do Sidney Sheldon… farei isso! 😀
Beijos!