[Resenha] A Máquina de Contar Histórias - Maurício Gomyde - Minha Vida Literária
Minha Vida Literária
01

jul
2014

[Resenha] A Máquina de Contar Histórias – Maurício Gomyde

Título: A Máquina de Contar Histórias
Autor: Maurício Gomyde
Editora: Novo Conceito
Número de Páginas:  192
Ano de Publicação: 2014
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Na noite em que o escritor best-seller Vinícius Becker lançou A Máquina de Contar Histórias , o novo romance e livro mais aguardado do ano, sua esposa Viviana faleceu sozinha num quarto de hospital. Odiado em casa por tantas ausências para cuidar da carreira literária, ele vê o chão se abrir sob seus pés. Sem o grande amor da sua vida, sem o carinho das fi lhas, sem amigos… O lugar pelo qual ele tanto lutou revela-se aquele em que nunca desejou estar. Vinícius teve o mundo nas mãos, e agora, sozinho, precisa se reinventar para reconquistar o amor das filhas e seu espaço no coração da família V. Uma história emocionante, cheia de significados entrelaçados pela literatura, mostrando que o amor de um pai, por mais dura que seja a situação, nunca morre nem se perde.

A Máquina de Contar Histórias é um livro que pode facilmente remeter a seu autor, Maurício Gomyde, tanto por seu título quanto por seu protagonista, o famoso autor best-seller Vinícius Becker, pelo menos no que diz respeito à habilidade de escrita de Gomyde.
Maurício me conquistou logo em suas primeiras palavras e, mesmo que eu já tenha lido praticamente todos os seus livros, exceto apenas Dias Melhores Para Sempre, seu último romance publicado de maneira independente, não pude deixar de me sentir surpresa e admirada com aquilo que lia. Sua narrativa em terceira pessoa é cativante ao extremo e construída com as palavras certas para causar o impacto exato no leitor. Assim como Vinícius domina diversas técnicas para construir suas histórias, fica claro que Maurício sabe precisamente o que está fazendo: o autor tem domínio total tanto do universo por ele criado quanto pela maneira de como ele o conta para o leitor.

 

“- Acho que cada pessoa, quando morre, chega ao céu e assume a forma que tinha na melhor fase de sua vida na terra. (…) No caso da sua mãe, ela está lá hoje… Me deixe pensar… Acho que com vinte e dois anos. Foi quando a luz que irradiava dela era a mais perfeita que uma mulher poderia emitir. Quando você nasceu.
– E quando você morrer, como vai chegar lá no céu?
– Eu? Não sei ainda, mas certamente nada parecido com os últimos quatro anos e meio.”

página 129

 

Além da escrita envolvente, a história é composta por capítulos curtos, o que imprime uma maior velocidade de leitura. Assim, é possível que páginas e mais páginas sejam viradas sem que sejam percebidas. Algo que muito chamou minha atenção foi o fato do livro ser relativamente curto, mas em momento algum ser corrido ou incompleto. Ao contrário, sua própria simplicidade, tão estimada por Vinícius, o torna completo. Ainda que eu tenha querido que o livro não acabasse tão cedo, não acrescentaria uma linha sequer ao seu final.
A arte de escrever, inclusive, é um importante elemento do livro, tornando-o um excelente exemplo de metalinguagem. A todo momento é falado sobre as técnicas de escrita de Vinícius Becker, que podem ser facilmente exemplificadas pela composição de A Máquina de Contar Histórias como um todo.
Talvez o que faça do livro tão completo seja a construção de seu enredo e a forma de como é composto por tantas emoções. A história não traz apenas um homem tentando se redimir de seus erros e reconquistar o afeto da filha mais velha; também, apresenta a trajétoria de uma adolescente descobrindo sobre seu poder de escrita, e a história de amor entre um homem e sua esposa, ao contar sobre o passado de Vinícius e Viviana. Mesmo que a personagem faleça logo nas primeiras páginas, é impossível não se afeiçoar a ela e à história deles conforme vai sendo contada através de flashbacks. Maurício temperou suas cenas com o amor de um homem para uma mulher e de um pai para suas filhas, e o resultado só poderia ser uma obra tocante e sincera.

 

“O movimento que ele não havia feito, o de segurar a mão da esposa no momento em que ela fosse embora, acontecia ali, de forma singela, separadas apenas pela fina tela do computador. Para ele, duas certezas: a de que, por mais doloridos que tivessem sido os instantes finais, Viviana partira serena e consciente de tudo o que significara sua breve caminhada ao lado da família; e a de que todo o amor depositado no coração dele e das filhas seria eterno.”

página 184

 

As personagens, também, me foram totalmente cativantes, bem como a interação entre elas. Vinícius, embora tenha errado na forma de como agiu nos últimos anos de vida da esposa, não me causou antipatia, mas sim compaixão. Em momento algum julguei suas atitudes como puramente egoístas ou ambiciosas; enxerguei um homem que buscou em seu talento uma fuga para o sofrimento de ver a esposa definhar. Por tanto amá-la, não suportou vê-la sofrer e, ao se ausentar, tentou negar o que seria inevitável. Não errou por pouco amá-la; ao contrário, errou por amá-la em excesso e por não saber lidar com a dor de perdê-la. Da mesma maneira, sofri com Valentina, tanto por perder a mãe, seu porto seguro, e por ter de conviver com a ausência do pai, sem ter tido a chance de compreendê-lo. Valentina não foi, aos poucos, perdendo apenas a mãe, mas também a imagem de herói que tinha de seu pai. Por fim, há Vida que, como o próprio nome sugere, é capaz de dar vida ao enredo com suas aparições. A “fadinha” tem o poder de dar leveza às cenas e consegue fazer a mágica de amenizar a tensão entre o pai e a irmã mais velha. É impossível não se deliciar com suas falas e com sua pureza e inocência infantis.
Mesmo que a história aparente ser extremamente dramática com sua premissa, ela não o é em momento algum. Ao contrário, é composta em medidas exatas para ser leve e reflexiva, divertida e emocionante, da maneira que apenas alguém hábil e sensível como Maurício Gomyde conseguiria fazer. Uma leitura que vale extremamente a pena aos amantes do gênero e que, além de me fazer admirar ainda mais o autor, certamente o consagrou, aos meus olhos, como um dos meus escritores favoritos da atualidade.




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17 Respostas para "[Resenha] A Máquina de Contar Histórias – Maurício Gomyde"

Fernanda - 01, julho 2014 às (13:27)

Olá!!

Já li muitas coisas boas sobre esse livro e a sua resenha foi o que faltava para colocar esse livro na minha lista de desejados. Nunca li nado do Maurício Gomyde, acho que esse é um bom livro para começar!

Bjo

Edilza - 01, julho 2014 às (14:57)

Eu sou apaixonada por livros com dramas familiares, e tenho certeza de que vou amar esse.
Difícil um autor que faça um livro curto não parecer corrido, o que Maurício Gomyde conseguiu, e isso só prova o quanto ele é bom como todo mundo diz.
Ótima resenha! Bjcas.

Gabriel Melo - 01, julho 2014 às (20:49)

uma historia que faz pensar na vida., uma historia cheia de drama e falando de aceitação social após um caso dessse chamou minha atenção embora ainda não tenha lido esse livro mas depois de ler sua resenha fiquei morrendo de vontade de ler

Mylena - 01, julho 2014 às (22:59)

Nunca li nada do Maurício mas, já estou há algum tempo com vontade de ler uma obra dele. Esse livro parece ter uma história linda e tocante. E eu amo histórias com dramas familiares porque sempre há uma lição bem positiva!

This Gomez - 02, julho 2014 às (06:18)

Oi, Mi!
Vim correndo ler tua resenha do Maurício, tenho um grande carinho por ele. Curti muito a imagem de capa, o título e também a sinopse, sei da consideração que ele já recebeu na blogosfera e acredito que terei bons momentos com este livro. <3

A resenha me ajudou a adiantar a leitura, flor ^^
Cheiro!

This

Rena Késsia - 02, julho 2014 às (09:28)

Oi, Mi!
Não conheço a escrita do autor e fiquei bastante interessada para ver como ele desenvolve sua história. Acho que esse livro se torna grandioso na sua simplicidade. E acho que Maurício conseguiu colocar isso da melhor maneira.

Andressa Menezes - 02, julho 2014 às (17:41)

Oi Aione

Amei sua resenha , estou com esse livro para ler e não vejo a hora para ler logo algumas pessoas falaram que o livro não é o melhor dele mas como nunca li nada do Mauricio Gomyde e tenho muita curiosidade quero ler logo e também me encantar.

Beijos

http://www.livrosechocolatequente.com.br

Dayane Santos - 03, julho 2014 às (09:31)

Essa história certamente foi escrita, para aqueles a quais tem medo de reconquistar o amor de alguém que se deixou perder. Toda história que relata o amor de um pai para com a filha, me toca a alma, estava com duvidas de qual seria o próximo livro da minha estante, definitivamente decidi qual. Muito obrigado Aione por ser sempre tão expressiva sem revelar a história por completa.
Parabéns!

Manu Hitz - 03, julho 2014 às (09:37)

Aione, querida, esperei pela sua resenha para saber sua opinião, que prezo muito. Muitas resenhas positivas e tenho certeza que o Maurício consegue isso fácil, porque sua escrita é mesmo envolvente e agora, mais maduro na vida e na escrita, não é surpresa nenhuma que cresça cada vez mais e seja um sucesso nacional.
Estou esperando o meu livro, está demorando a chegar e mal posso esperar para ler o que causa tanto encantamento nessa leitura, também quero me emocionar com a família V.
Gosto especialmente quando vc diz que a leitura é divertida e reflexiva, isso traz a leveza certa e o tom dramático sem pesar. Quero entender as razões do protagonista. Depois volto pra contar.
Beijoooooo!

Minhas novas resenhas, livros que amei (adorarei saber a sua opinião):
Ler para Divertir
As Meninas que Leem Livros

Ceile - 03, julho 2014 às (21:01)

Oi, Mi!
Sabe que na primeira página de A Máquina de Contar Histórias eu já tive certeza da evolução do autor? Engraçado, porque ele já publicou 4 livros anteriormente, mas senti que ele perdeu a naturalidade nos dois últimos – assim, eu só tinha lido Ainda não te disse nada, então eu esperava algo espetacular (na escrita, a história é quase indiferente), mas Dias melhores pra sempre e O rosto que precede o sonho foram tão inferiores… mas vi que O Maurício que eu conhecia (e quis acreditar ser o “verdadeiro”) estava de volta nesse livro. Tudo está mais desenvolvido na narrativa (parece bobo, mas as frases são maiores, não há diálogos onde deveriam estar descrições/pensamentos, as coisas estão mais plausíveis e naturais etc)… enfim! Acho que este livro tem tudo para ser sucesso, com as qualidades que vc falou e não é só pelo apelo emocional (como em O rosto que precede o sonho), mas pela qualidade da obra =)

Beijos!

Fernanda Costa - 04, julho 2014 às (18:40)

Nossa, eu vi algumas blogueiras recebendo este livro num embrulho maravilhoso com lenços, sem contar a própria capa toda colorida e bonita assim, não dava nem pra imaginar a estória forte que ele trás, lendo a resenha fiquei imaginando como se fosse real, uma pessoa obstinada que busca seu sonho e consciente ou inconscientemente acaba colocando a família de lado e acontece uma fatalidade dessa, fiquei pensando o tamanho do remorso e dor que que essa estória deve abordar. Gosto de livros com capítulos curtos, acho prazeroso pegar uma leitura que flui rapidamente de vez em quando, principalmente quando procuro um novo livro para ler depois de terminar uma leitura mais densa e demorada. Fiquei muito curiosa para conhecer este livro.

Neny - 04, julho 2014 às (20:14)

Eu ja tive o prazer de ler um livro do autor e amei,
então fico bem ansiosa par por minha mãos neste que vejo que tem agradado todos que tem lido, um romance bem escrito, com drama e muitas coisas interessantes, claro que quero ler.
Ele realmente é um ótimo autor, quero os outros liros do autor,
beijos.

Letícia Souza - 18, julho 2014 às (10:19)

Oiee
Eu quero muito ler esse livro,já ouvi coisas ótimas sobre ele e cada vez mais me empolgo com essa leitura.
Só de ler a sinopse e a resenha senti um pouco de raiva do Vinícius,se eu fosse filha dele teria muita resistência em perdoa-lo,mas me contradizendo gostei muito dele tentar reconquistar as filhas e reerguer a família.
beijos

tagila gomes- amigadaleitura.blogspot.com - 18, julho 2014 às (16:15)

olá já havia lido alguns outros livro do autor e ele vinha não me decepcionando ao ponto de não ler nunca mais mas dava sempre um chance percebia erros , falhas mas já li outras resenhas fora essa que confirmam que o autor deu uma melhorada enorme e que vale a pena dar uma chance a ele novamente
amigadaleitura.blogspot.com

FABRINE - 21, julho 2014 às (11:28)

Nunca li nada do Maurício Gomyde. E em A Máquina de Contar Histórias li pouco sobre esse livro, imaginei uma história bem pesada. Mas a sua resenha me deixou bem curiosa por descobrir que ele também é leve e divertido na sua medida certa. Bjs

Michele Lopez - 25, julho 2014 às (19:54)

Também já li muitos blogs falando bem do livro, mas ele ainda não conseguiu despertar meu interesse. Então por enquanto não pretendo ler o livro, mas gostei da sua resenha. Ela foi muito bem escrita.

Karolyne Kazakeviche - 31, julho 2014 às (20:20)

Tenho dois livros do autor e este também, já está separado na pilha de próximas leituras.
Pois quero muito conferir a escrita do autor que sempre me falaram bem.
É um orgulho ver um autor nacional com tanta qualidade né? =)

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